G1

Clínica de estética encerra atividades em bairro nobre de SP e deixa cerca de 50 clientes na mão


Clínica fecha e clientes pedem ressarcimento

Uma clínica de estética nos Jardins, área nobre de São Paulo, fechou suas portas repentinamente, deixando clientes que haviam pago antecipadamente por pacotes de procedimentos sem atendimento. Quase 50 mulheres buscam receber o dinheiro de volta.

A clínca, que ficava na Rua Pamplona, investia em propaganda nas redes sociais, com diferentes influenciadores.

Paula Granette, publicitária, conseguiu usar apenas seis meses de um pacote que deveria durar um ano e meio. Ela pagou R$ 5.300 e foi a primeira cliente a registrar boletim de ocorrência contra a clínica, além de organizar o grupo que hoje reúne quase 50 mulheres que dizem ter sido vítimas de golpe.

"Eu acho que ela [a proprietária] estava com tudo muito bem premeditado antes de fechar, não foi uma situação inóspita em que ela teve que fechar por algum problema. Até porque teve uma diferença: para a gente, ela falou que estava em obra, para as funcionárias, falou que teve um problema no banco, por isso que não conseguia fazer o pagamento. Para cada uma ela ia contando uma história diferente", explicou Paula.

Muitas clientes demoraram a acreditar que a clínica tinha fechado. Só entenderam quando uma delas fotografou um caminhão de mudança retirando macas e outros equipamentos do local.

A clínica funcionava no local havia mais de 10 anos. A Prefeitura de São Paulo afirmou não ter encontrado alvará de funcionamento nem solicitação de licenciamento sanitário.

Em nota, a dona da clínica, Nattasha Viassone, admitiu que "a clínica enfrentou dificuldades financeiras que levaram ao fechamento repentino, e lamenta profundamente qualquer impacto negativo causado aos clientes".

Ela afirmou ainda que foram realizados reparos internos e que buscou investimentos para viabilizar a continuidade da clínica, porém não surtiram efeito. "Jamais houve qualquer prática ilegal na atuação, e tomarei medidas legais cabíveis contra tentativas de calúnia ou difamação."

Nattasha também afirmou que a clínica sempre funcionou com alvará da Vigilância Sanitária, apesar de a prefeitura dizer o contrário.

Clínica de estética encerra atividades em bairro nobre de SP e deixa 50 clientes sem pacotes pagos

TV Globo

Pacotes interrompidos

Priscila Leite, professora e vizinha da clínica, conta que havia comprado um pacote que dava direito a oito meses de drenagem linfática por R$ 3 mil. Mas, após iniciar o tratamento, se deparou com uma surpresa.

"No dia 12 de junho, eu vim e fiz uma sessão, e no dia 13, eu mandei mensagem pedindo mais uma sessão, mas não me responderam. Como eu moro muito do lado, vim verificar e encontrei a porta fechada. As portas fecharam nessa sexta-feira, dia 13 de junho, e nunca mais abriram", afirmou.

A professora procurou o Procon para tentar recuperar o dinheiro e afirma que foi ameaçada pela dona da clínica.

"Eu pedi meu dinheiro de volta, e disse que estava insatisfeita. Pedi o cancelamento do plano. Elas disseram que iam tentar cancelar o plano, mas que a clínica precisaria estar aberta para fazer esse cancelamento. No dia seguinte, eu recebi uma mensagem que achei bastante abusiva, porque ela pediu para eu retirar a minha reclamação, dizendo que não era verdade o que eu estava afirmando, sobre a clínica estar de portas fechadas", afirmou.

Arthur Rollo, advogado especialista em direito do consumidor, analisou o caso. "No ponto de vista do direito do consumidor, esse ressarcimento muitas vezes é difícil, porque quem pratica esse tipo de golpe, infelizmente, esses golpes estão cada vez mais frequentes, já faz isso de caso pensado, esconde bens, muda de estado, muda até de país", disse Arthur Rollo.

"Quando os serviços foram contratados, as donas da clínica de caso pensando já sabiam que não iriam executar o serviço, então isso configura o crime de estelionato porque essas pessoas foram enganadas, a clínica estava aberta, estava contratando com os clientes já sabendo de antemão que não iria prestar o serviço", completou o advogado.

Miriam Brasil, atriz e produtora, era cliente antiga e fechou um pacote de R$ 4.800 que nunca usou.

"Eu quero que elas sejam responsabilizadas pelo que fizeram, porque não foi só comigo. A gente sabe dessas 50 clientes, mas segundo elas, em uma das mensagens que trocaram com alguém do grupo, disseram que tinham 300 e tantas clientes. Então, a gente sabe dessas quase 50, mas significa que muitas outras devem estar perdidas por aí, com prejuízo, sem saber o que fazer", afirmou Miriam Brasil.

A Secretaria da Segurança Pública disse que é necessário que as vítimas registrem ocorrência contra a clínica. O caso está sendo investigado no DP dos Jardins.

Anunciantes

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.