A família descobriu o problema após pedir a exumação para transferir o corpo para um jazigo. A Velar, responsável pelo cemitério, assumiu o erro. Odair dos Santos.
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Um homem que morreu em janeiro de 2022 foi cremado três anos depois, por engano e sem autorização da família, em maio deste ano, em um cemitério na Zona Leste de São Paulo.
Odair dos Santos era pai de santo em um terreiro também na Zona Leste. Ele seguia a umbanda, e a cremação vai contra seus princípios religiosos. Ele foi sepultado no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, concedido à iniciativa privada, e cremado 1º de maio deste ano.
Antes disso, no início de 2025, os filhos pediram a exumação para transferir o corpo para um jazigo recém-adquirido.
Em 30 de abril, a empresa Velar, que administra o cemitério, informou que o corpo ainda não estava em condições ideais para a exumação completa e orientou a família a retornar dois dias depois com uma urna adequada. O novo caixão e o transporte custaram mais de R$ 1.400.
No dia 2 de maio, quando voltaram ao cemitério, os filhos encontraram o túmulo revirado. A administração então comunicou que o corpo de Odair havia sido cremado por engano, um dia antes, sem qualquer aviso prévio.
“Ele abominava. Na nossa religião, não se permite cremação”, disse Kleber dos Santos, filho de Odair. “Meu pai atendeu dezenas de pessoas durante a vida, só fazendo o bem. Foram 58 anos de trabalho com a sociedade.”
Ainda segundo a família, que afirma que vai processar a concessionária, não há garantias de que as cinzas entregues realmente sejam de Odair. Em um documento, a empresa diz que havia dois pedidos de exumação para o mesmo dia, em sepulturas próximas, localizadas na mesma quadra - e que o corpo de Odair foi encaminhado ao crematório por um erro na identificação.
Documento entregue à família pela Velar.
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“A gente não conseguiu fazer a vontade dele. Tiraram isso da gente, ceifaram isso da gente", disse Flávia dos Santos, filha do pai de santo.
Em nota, a Velar admitiu o erro e disse que procurou a família assim que soube da cremação. Disse ainda que continua à disposição para o diálogo e que todos os valores cobrados pelos procedimentos serão devolvidos integralmente.
Informou também que ampliou o rigor dos protocolos operacionais e processos internos para impedir novos erros.
Já a Prefeitura de São Paulo disse que a SP Regula abriu uma investigação interna para uma eventual responsabilização da concessionária.