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Dois presos no DF por venda de 'cogumelos mágicos' são alunos da UnB


Cogumelos apreendidos durante operação da polícia do DF em 8 estados

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu, durante uma operação na manhã desta quinta (4), nove suspeitos de integrar a maior rede de produção e venda de "cogumelos mágicos" do país.

A TV Globo apurou que dois suspeitos presos no DF são alunos da Universidade de Brasília (UnB) e vendiam o produto na instituição.

Eles foram identificados como Igor Tavares Mirailh e Lucas Tauan Fernandes Miguins. Um foi preso em Águas Claras e o outro em Taguatinga.

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Em nota, a defesa de Igor Tavares e Lucas Fernandes diz que eles "jamais orquestraram qualquer esquema ilícito" e "jamais responderam a qualquer outro processo criminal" (veja íntegra no final da reportagem).

Mais sete suspeitos foram presos em outros estados nesta quinta (4). A polícia diz que grupo criminoso é composto por jovens com alto grau de instrução e de classe média.

Segundo o delegado Waldek Fachinelli, um dos presos é rico e sua família tem várias grandes empresas.

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Operação

Além das nove prisões, mais de 3 mil pacotes de "cogumelos mágicos" foram apreendidos nesta quinta (veja vídeo acima).

A venda era feita pelas redes sociais e os cogumelos eram entregues pelos Correios.

A operação para prisão dos suspeitos e apreensão do produto aconteceu no Distrito Federal, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo.

O que são 'cogumelos mágicos'

'Cogumelos mágicos' produzidos pela maior rede de alucinógenos do país

reprodução

Esses “cogumelos mágicos” são exóticos e alucinógenos, que contêm psilocibina.

🔎 Psilocibina: substância psicodélica que altera a percepção sensorial, a noção de tempo e espaço e pode provocar experiências emocionais e visuais intensas. Ela é proibida pela Anvisa.

Segundo a polícia, os suspeitos chegaram a vender os cogumelos exóticos com promessas de cura para depressão e ansiedade.

Como o esquema funcionava

Polícia Civil do DF prende organização criminosa que vendia cogumelos alucinógenos para todo o país

reprodução

O grupo criminoso usava as redes sociais e até influenciadores para atrair clientes, em sua maioria jovens frequentadores de festas de música eletrônica.

As drogas eram enviadas pelos Correios para todo o país, utilizando o sistema de comércio denominado dropshipping - modelo de negócio de comércio eletrônico em que o vendedor comercializa produtos em uma loja online, mas não mantém o estoque físico.

A investigação revelou que, embora a plataforma de vendas do Distrito Federal possuísse um cultivo próprio de cogumelos, sua capacidade era insuficiente para suprir a demanda da rede de distribuição.

A polícia chegou então ao centro da operação que ficava em Curitiba (PR), onde galpões funcionavam como laboratório, e salas de cultivo e estrutura para produzir até 200 quilos de cogumelos por mês.

Entre 2024 e 2025, foram identificadas 3.718 encomendas enviadas para o DF somando mais de 1,3 tonelada de cogumelos.

Criminosos anunciavam 'cogumelos mágicos' pelas redes sociais

PCDF

O grupo investia no patrocínio de feiras e festivais de música eletrônica, ambientes que facilitavam o contato direto com potenciais consumidores e reforçavam a associação da marca com experiências de lazer.

Influenciadores digitais e DJs eram recrutados como promotores, atuando na divulgação dos produtos ilícitos em redes sociais e eventos. A estimativa é que os investigados movimentaram R$ 26 milhões em apenas um ano.

Os investigados irão responder pelos crimes de tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, integração em organização criminosa, disseminação de espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna ou aos ecossistemas, promoção de publicidade abusiva e curandeirismo.

O que diz a defesa de Igor Tavares e Lucas Fernandes

"A defesa dos senhores Lucas Fernandes e Igor Tavares, diante das recentes acusações de suposta prática dos crimes de lavagem de capitais, organização criminosa, tráfico de drogas e disseminação de doença ou praga que possa causar dano à agricultura, pecuária, fauna, flora ou ecossistemas, vem a público esclarecer:

Os acusados jamais orquestraram qualquer esquema ilícito, muito menos na magnitude que vem sendo veiculada em determinados meios de comunicação.

Todas as narrativas apresentadas serão devidamente analisadas e esclarecidas no âmbito processual, com absoluto respeito às garantias constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

Em momento oportuno, os senhores Lucas Fernandes e Igor Tavares se pronunciaram diretamente, prestando os devidos esclarecimentos. Até lá, esta banca defensiva permanece à disposição para fornecer informações quanto aos fatos, sempre em busca da verdade e da correta aplicação da Justiça.

Ressalta-se que ambos os acusados são primários, possuem bons antecedentes e jamais responderam a qualquer outro processo criminal, motivo pelo qual a defesa solicita respeito e solidariedade às suas famílias, que igualmente vêm sofrendo os efeitos de uma exposição midiática desproporcional.

A defesa atuará com firmeza para assegurar que os acusados possam exercer o direito de responder ao processo em liberdade, colaborando para a plena elucidação de todos os fatos controversos."

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