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Empresária que viveu em lixão na infância comanda grupo com sete empresas: 'improbabilidade da vida'


Baixada em Pauta: Cristiane dos Santos Silva é a convidada da semana

O que para muitas pessoas é um lugar de descarte, Cristiane dos Santos Silva tinha como casa. Ela cresceu na Vila dos Criadores, conhecida como o lixão da Alemoa, em Santos, no litoral de São Paulo, sobrevivendo sem água encanada e se alimentando de comidas vencidas. Em busca de melhor qualidade de vida, ela superou a distância e a falta de recursos para estudar e, hoje, é empresária, fundadora e CEO de um grupo empresarial.

Cristiane, de 42 anos, participou do podcast Baixada em Pauta, apresentado pelo jornalista Matheus Müller, onde falou sobre a sua trajetória, memórias marcantes de momentos vividos no lixão, preconceitos e a guinada na sua vida graças aos estudos, incentivados pela mãe.

Nascida em uma família com dificuldades financeiras, aos cinco anos, a empresária foi morar com os pais na Vila dos Criadores. O local, na época sem água encanada ou energia elétrica, foi a casa da família e sua fonte de sobrevivência. Cristiane compartilhou que às vezes se alimentava de produtos vencidos descartados por supermercados.

“Aquilo era a nossa festa. Vinha danone, vinha leite condensado, leite em pó, e eram coisas que a gente não tinha acesso facilmente”, relembrou. A empresária também encontrou o amor no lixão, quando conheceu seu atual marido, com quem se casou aos 17 anos.

Cristiane e o marido David, com quem se casou aos 17 anos

Divulgação

Oportunidade nos estudos

Cristiane viveu na vila até os 15 anos, quando a família conseguiu adquirir um imóvel da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Ilhéu Alto. A partir deste momento, com incentivo de sua mãe, a mulher viu nos estudos a oportunidade de mudar de vida.

“A minha mãe, ela sempre falou: ‘Olha, o caminho para você mudar a sua realidade é estudando’, e eu sempre gostei de estudar”, disse. Cristiane ia a pé para a escola, que ficava em outro bairro, em um trajeto que demorava cerca de 30 minutos e passava por linhas de trem e caminhões.

Ao terminar os estudos no colégio, Cristiane precisou equilibrar o sustento da casa com o ensino superior, pois seu marido enfrentou uma grave tuberculose no início do casamento e não tinha renda. Ela trabalhou como manicure e vendedora, enquanto, com bolsas de estudo e cursinhos comunitários, conseguiu concluir o curso técnico em Contabilidade e, mais tarde, formou-se com bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) em Ciências Contábeis.

Empresária Cristiane dos Santos Silva quando criança

Divulgação

Empreendedorismo

Em 2014, Cristiane resolveu fundar seu primeiro escritório ao lado do marido, que contava com apenas dois clientes, mas a virada de sucesso veio durante a pandemia de Covid-19, quando o esposo passou a se dedicar mais intensamente ao negócio. Hoje, a jovem que cresceu no lixão é fundadora do Grupo Krys, que reúne mais de sete empresas em diferentes áreas com 25 funcionários.

"Eu nunca gostei de ser vista como vítima. Eu nunca quis esse lugar. [...] O ser humano tem o poder de se reinventar. Ele tem o poder de pegar toda aquela improbabilidade da vida e transformar numa coisa muito importante”, afirmou.

Cristiane dos Santos Silva ao longo da vida

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