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Especialista liga aumento de furtos de veículos em Piracicaba à atuação de desmanches ilegais e falhas nas investigações


Cidade registrou alta de 41% nos casos entre 2023 e 2024, mas queda no número de roubos veiculares. Carro em desmanche em canavial de Piracicaba

Reprodução/EPTV

Piracicaba (SP) registrou aumento de 41% no número de veículos furtados de 2023 para 2024. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e analisados pelo g1.

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A cidade teve 509 veículos furtados em 2023 e 720 em 2024. Especialista atribuiu aumento do crime à atuação de desmanches ilegais de veículos e à falta de investimentos na Polícia Civil, responsável pela investigação dos casos (saiba mais abaixo).

Já o número de roubos de veículos caiu 20% durante o mesmo período: de 149 para 118.

Furto e roubo

A diferença entre roubo e furto é a violência. No furto, o criminoso subtrai o bem sem contato direto com a vítima. Já no roubo, há o uso de violência ou ameaça para obter o item. Por conta disso, roubo é considerado mais grave e pode resultar de quatro a dez anos de prisão.

Comércios de autopeças em Piracicaba

Divulgação/SSP

Desmanche e falta de investimentos

O aumento no número de furtos de veículos em Piracicaba está atrelado a dois fatores: atuação de desmanches clandestinos e falta de investimentos na Polícia Civil, afirmou Ruyrillo Pedro Magalhães, professor de Direito e delegado aposentado.

“Há uma falta de investimentos na Polícia Civil, que é a polícia que investiga [..] oficiais mal remunerados, falta de policiais. Houve a contratação de alguns, mas não é o problema de só faltar policial. Precisa de uma organização policial que seja estimulada. A Polícia Civil está totalmente desestimulada [...] se não houver aposta na investigação, os crimes continuarão onde a PM e a GM não estiverem”, diz Magalhães.

Magalhães apontou os desmanches clandestinos, também conhecidos como ferros-velhos, como responsáveis pela recepção e desmonte dos veículos furtados. Lá, as peças usadas viram mercadorias no mercado paralelo. O especialista explicou que as peças clandestinas são mais baratas e que não possuem nota fiscal.

“O cliente deve exigir a nota fiscal para saber a procedência da peça. O preço tem que estar dentro do valor esperado para o mercado, pois se a peça custa mil reais e tem sido vendida por 400 [reais] pode indicar um problema”, afirma o ex-delegado.

É permitido comprar peças usadas em desmanches, desde que os estabelecimentos estejam legalizados de acordo com Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) e com a Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo.

O cliente que compra peças clandestinas, mesmo sem saber, pode responder criminalmente por receptação culposa. A pena vai de um a quatro anos de prisão e multa.

Detran em Piracicaba

Divulgação/ Detran-SP

O que diz a SSP

O g1 questionou a SSP sobre o número de casos resolvidos dos 720 furtos veiculares que Piracicaba registrou em 2024, mas a secretaria não respondeu.

Em nota, a pasta afirmou que a Polícia Civil tem realizado ações em ferros-velhos e lojas de venda de peças automotivas com objetivo de reprimir e identificar receptadores.

A pasta ainda afirmou que tem trabalhado na contratação de policiais.

“Houve a maior contratação de policiais dos últimos 14 anos, com a incorporação de mais de 9,1 mil novos agentes, sendo 3,4 mil deles destinados à Polícia Civil e distribuídos por unidades de todo o Estado Outras 3,1 mil vagas serão preenchidas por meio do concurso em andamento. Além disso, foram aplicados mais de R$ 227 milhões em viaturas, armamentos e na modernização de 43 unidades policiais”, escreve a SSP ao g1.

Deic Piracicaba, responsável pela investigação do caso

Giuliano Tamura/EPTV

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