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Falso fisioterapeuta é indiciado por morte de idoso durante atendimento home care no DF


Mosa Ismael Jadallah, de 64 anos, caiu e bateu a cabeça enquanto era atendido em casa. Suposto profissional não tinha registro. Pedro Henrique Marques Freitas, de 36 anos, se apresentou como fisioterapeuta, diz família de idoso morto

TV Globo/Reprodução

Um idoso de 64 anos morreu após cair e bater a cabeça durante uma sessão de fisioterapia em casa, em Taguatinga, no Distrito Federal (veja detalhes mais abaixo). A Polícia Civil concluiu que o homem que fazia o atendimento a Mosa Ismael Jadallah não era fisioterapeuta e o indiciou por homicídio culposo – quando não há intenção de matar –, e exercício ilegal da profissão.

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O caso ocorreu em julho de 2023, mas o inquérito foi concluído neste ano. A investigação revelou que o suposto fisioterapeuta se apresentava como Pedro Salomão, mas na verdade se chama Pedro Henrique Marques Freitas, tem 36 anos, e não possui registro no Conselho Regional de Fisioterapia.

A coordenadora da ECS Fisioterapia — empresa que contratou o suspeito —, Eliene Costa da Silva, também foi indiciada por homicídio culposo, por ter indicado Pedro sem verificar a qualificação do "profissional".

A reportagem entrou em contato com a ECS Fisioterapia, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O plano de saúde também foi procurado e disse que "o caso é objeto de uma ação judicial ainda em andamento, por isso a Unimed não comentará até a conclusão do processo".

Em nota, a Captamed, responsável pelo homecare e terceirização da ECS, disse que o caso "foi devidamente apurado por meio de sindicância interna" (leia íntegra no fim da reportagem). O g1 entrou em contato com Pedro Henrique Marques Freitas e com Eliene Costa da Silva , mas não teve resposta.

Ministério Público diz que vai ouvir família de idoso

Mosa Ismael Abdel Rahman Jadallah, de 64 anos, morreu após cair durante sessão de fisioterapia.

Arquivo Pessoal

Apesar do indiciamento, ainda não há processo penal. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) está em tratativas para oferecer um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), aos acusados. Em nota, o MPDFT informou que, até o momento, não há acordo firmado (veja nota completa mais abaixo).

"A proposta somente será apresentada se estiverem presentes todos os requisitos legais, e sua viabilidade é analisada com rigor. Nos próximos dias, a família será ouvida pelo MPDFT. O objetivo é garantir justiça com efetividade, sem abrir mão da responsabilização", diz o Ministério Público.

Família diz que falso fisioterapeuta mexia no celular durante sessão que terminou com a morte do idoso

Iman Musa Jadallah presenciou o momento em que o pai caiu, bateu a cabeça e morreu.

Segundo a família, Mosa Ismael Abdel Rahman Jadallah, de 64 anos, havia passado por uma cirurgia cardíaca delicada e estava em processo de reabilitação com serviços de home care. Durante uma das sessões, ele caminhava com um andador quando caiu, bateu a cabeça e começou a sangrar pelos ouvidos.

De acordo a filha da vítima, Iman Musa Jadallah, no dia do acidente, Pedro levou o pai até a garagem para caminhar. Ela presenciou o momento em que Mosa caiu (veja o vídeo acima).

"Ele [Pedro] estava com o celular na mão, olhando para baixo. Eu lembro claramente da cabeça dele abaixada, na frente do meu pai. Ele estava de costas para o meu pai, então ele poderia nem estar ali para apoiar, caso meu pai desequilibrasse", conta Iman.

Após o acidente, segundo Iman, o falso fisioterapeuta foi embora do local. A família levou Mosa para o hospital, mas ele não resistiu. O laudo cadavérico apontou traumatismo cranioencefálico como causa da morte.

Investigação

Pedro Henrique Marques Freitas se apresentava como "policial ambiental de Goiás" nas redes sociais.

TV Globo/Reprodução

Depois da morte, os familiares começaram a desconfiar de que havia algo errado com o suposto fisioterapeuta, principalmente pela forma como ele agiu após o acidente, deixando o local sem prestar qualquer tipo de assistência.

A partir dessas suspeitas, a família procurou a polícia e descobriu que o homem não tinha registro profissional em nenhum conselho regional ou nacional. Durante a investigação, Pedro exerceu o direito de permanecer em silêncio. No inquérito, o delegado também apontou que o homem se apresentava como "policial ambiental de Goiás" (veja imagem acima).

O que diz a Captamed

"A Captamed Cuidados Continuados Ltda., informa que a situação mencionada foi devidamente apurada por meio de sindicância interna, seguindo todos os protocolos e normas aplicáveis.

Esclarecimentos completos e necessários foram prestados diretamente ao plano de saúde do paciente envolvido e não podem ser compartilhados publicamente, em respeito à Lei de Proteção de Dados e o Código de Ética Médica.

Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e nos colocamos à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários."

O que diz a Unimed

"O Sistema Unimed tem por princípio garantir a qualidade e a segurança da assistência prestada a seus beneficiários em todo o país. O caso relatado pela reportagem é objeto de uma ação judicial ainda em andamento, por isso a Unimed não comentará até a conclusão do processo."

O que diz o MPDFT

"O MPDFT reafirma seu compromisso com a responsabilização penal de profissionais investigados por condutas que afetaram diretamente a saúde e a vida de pacientes. No entanto, reconhece que o processo penal tradicional pode ser longo, penoso e, por vezes, pouco efetivo para os familiares das vítimas.

A Promotoria de Justiça apurou indícios de negligência no cuidado e avalia a possibilidade de propor um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), conforme previsto em lei. A proposta somente será apresentada se estiverem presentes todos os requisitos legais, e sua viabilidade é analisada com rigor. Nos próximos dias, a família será ouvida pelo MPDFT. O objetivo é garantir justiça com efetividade, sem abrir mão da responsabilização."

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