Funcionárias de UTI Neonatal vivem gestação ao mesmo tempo em São José do Rio Preto
Oito colaboradoras que atuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto (SP) ficaram grávidas e tiveram os bebês em datas próximas.
O que parece uma simples coincidência para muita gente, para algumas delas tem um propósito ainda maior.
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Luana de Oliveira Maciel Miranda, de 27 anos, Agna dos Santos Neves, de 30, Isabela Cristina Soares Silva, de 24, Débora Sevilha Bula Pelissoni, de 26, Nayara Berti de Souza, de 24, Kely Cristina Aparecida Pereira, de 38, Ingrid Rafaella Carvalho Dias, de 25, e Camila de Jesus Gonçalves Morais, de 39, que antes compartilhavam a rotina de trabalho em meio às crianças que nascem antes do tempo previsto e com tamanho e peso abaixo dos recomendados, necessitando de atendimento especializado, também viveram juntas o puerpério e as descobertas da maternidade.
Camila de Jesus Gonçalves Moraes, mãe da pequena Catarina, de três meses, contou ao g1 como foi a descoberta das gestações quase simultâneas entre as colegas de trabalho.
“Primeiro apareceu uma grávida. Depois, em outra semana, mais uma e, quando a gente viu, a gente já tinha oito funcionários gestantes, tudo ao mesmo tempo. Foi uma grande alegria, porque, nessa fase, a gente pôde compartilhar as gestações juntas umas das outras, já que a gente trabalhava juntas, convivíamos juntas e vivemos a maternidade juntas também”, comenta.
Da esquerda para direita, Luana e Eduardo, Agna e Noah, Isabela e Antony, Débora e Felipe, Nayara e Maria Cecília, Camila e Catarina, Kely e Pedro, Ingrid e Matteo abaixo em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo Pessoal
Apesar do desfecho inusitado, Moraes diz que não foi planejado. Segundo ela, as mulheres nem chegaram a ter uma conversa sobre suas intenções de terem filhos. A gravidez de Camila, por exemplo, não tinha sido programada.
“Eu não tinha intenção de ficar grávida e aconteceu, foi acontecendo. A maioria das meninas se tornou mãe de primeira viagem. Também aconteceu de ter mães que já tinham filhos e tiveram novamente, não foi planejado. Nós sempre fomos uma boa equipe. Graças a Deus, sempre foi uma relação amigável, de cumplicidade e agora, com a maternidade, se tornou mais forte”, finaliza.
Camila de Jesus Gonçalves Moraes e Catarina, em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo Pessoal
Além de Camila, Agna é mãe de Noah, Isabela ganhou Antony, Débora deu à luz Felipe, Nayara gerou Maria Cecília, Kely teve o Pedro e Ingrid ganhou Matteo.
À reportagem, Débora contou que, apesar das oito “mamães” trabalharem no mesmo departamento, algumas atuavam em horários diferentes e, portanto, a descoberta das gestações foi ainda mais surpreendente e emocionante.
“Acredito também que foi um grande susto para parte da coordenação hospitalar, mas deu tudo certo. As meninas foram comunicando, se afastando e sendo repostas. A gente até montou um grupo [via aplicativo de mensagens] de apoio entre nós mesmas, para compartilhar a nossa rotina na maternidade, mas, antes disso, a gente dividia plantões e não tinha essa amizade tão fortalecida”, menciona.
Os medos e as aflições comuns durante o desenvolvimento do embrião eram muito semelhantes entre elas. Cada nova consulta ou exame que atestasse um ciclo gestacional bem sucedido era motivo de comemoração para as trabalhadoras.
“Eu costumo dizer que a gente se tornou mãe de vários filhos. Uma estava torcendo pela outra, rezando pela outra e, no final, foi uma grande surpresa. A gente conseguiu se reunir e agora convive quase que diariamente”, comenta Débora.
Débora Sevilha Bula Pelissoni e Felipe, em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo Pessoal
Além do desejo de ver os filhos crescendo, prosperando e construindo as próprias histórias, as colaboradoras do HCM querem que eles se tornem amigos e levem esse legado de compaixão e empatia criado por elas: “a gente pretende manter, não só o convívio hospitalar pelo trabalho, mas essa amizade. Queremos que eles [filhos] vejam tudo isso que está acontecendo hoje porque é uma delícia, uma grande novidade”, finaliza.
Colaboradoras do Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto (SP)
Arquivo Pessoal
Oito afastamentos
Como os bebês têm entre três e cinco meses, as colaboradoras se afastaram de suas funções profissionais quase que instantaneamente e foram substituídas por novas funcionárias em caráter temporário.
Todas elas foram submetidas ao parto no próprio HCM e, por já trabalharem no local, foi uma experiência menos desgastante. Afinal de contas, elas já conheciam as pessoas que realizariam os procedimentos.
A supervisora de enfermagem da UTI Neonatal do hospital, Vitória Martins, contou que foi uma alegria poder participar desse momento raro e inesquecível.
“Foi uma surpresa para a gente, recebendo uma notícia de que cada colaboradora estava grávida, uma atrás da outra, mas ficamos muito contentes porque é o sonho da vida delas. Alguns planejados, outros não, mas todas muito felizes”, comenta.
Atualmente, o HCM tem 160 funcionários no setor de enfermagem da UTI Neonatal do HCM. Quando retornam da licença maternidade, elas são convidadas a utilizar uma área destinada à coleta de leite. O banco de coleta é vinculado ao Banco de Leite Municipal e atende todas as mães e bebês que estão internados na instituição de saúde. No caso das colaboradoras, o leite coletado é destinado à criança que permanece em casa durante o expediente da mãe.
“Para o hospital é muito bom. Todas as colaboradoras tiveram o parto aqui e algumas, que já estão voltando, utilizam o nosso posto de coleta, localizado no 2º andar da UTI Neonatal, e a gente vê que é gratificante”, finaliza Vitória.
Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto (SP)
Foto: Divulgação
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