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Influenciadora digital de Piracicaba é alvo de operação contra crimes digitais com uso de deepfake de celebridades


Polícia cumpre mandados de busca e apreensão na região em operação contra golpes virtuais

Uma influencer de Piracicaba (SP) é alvo de operação nacional da Polícia Civil do Rio Grande do Sul contra crimes digitais com "deepfake" envolvendo uso ilegal de nomes de celebridades em golpes.

Na manhã desta quarta-feira (1º), as equipes apreenderam motocicletas e veículos na casa da suspeita, em um condomínio fechado na região do Bairro Pompéia. Na cidade, são cumpridos dois mandados de prisão.

No Interior de São Paulo, são cumpridos cinco mandados de prisão e de busca e apreensão em Piracicaba (SP) e Hortolândia (SP) durante a operação chamada de "Modo Selva", com trabalhos das equipes da Delegacia de Investigações Cibernéticas Especiais (Dicesp) e do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos Dercc).

Segundo as investigações, o grupo utilizava tecnologia de inteligência artificial para criar deepfakes de celebridades como a modelo Gisele Bundchen, da ex-BBB Juliette, da apresentadora Angélica e de Sabrina Sato – para enganar pessoas com vendas fraudulentas de produtos pela internet.

Polícia apreende motocicletas e carro em casa de influenciadora digital de Piracicaba durante operação contra crimes cibernéticos

Gustavo Nolasco/EPTV

Ao todo, a operação nacional cumpre nove mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva, além do sequestro e indisponibilidade de 10 veículos, bloqueio de 21 ativos, investimentos ou aplicações, contas bancárias e carteiras de criptoativos em cinco estados: Rio Grande Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco.

Os valores obtidos com o esquema podem chegar a R$ 210 milhões. Até a publicação desta reportagem, quatro pessoas foram presas.

Os vídeos falsos eram usados para promover produtos inexistentes como kits de cosméticos e ofertas fraudulentas, levando as vítimas a realizarem pagamentos via pix.

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Segundo a Polícia, os criminosos montaram uma espécie de engenharia digital, com uso de inteligência artificial para criação de conteúdo falso até lavagem de dinheiro.

O esquema utilizada empresas fantasmas, contas com nomes de "laranjas", incluindo idosas de 80 a 84 anos, e gateways de pagamentos fraudulentos.

Grupo suspeito de usar vídeo com 'deepfake' da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS

Reprodução

Investigação

Segundo investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em um desses vídeos, os criminosos usaram a imagem da modelo supostamente anunciando uma promoção em que estariam sendo dadas malas de viagem. O produto seria de graça, mas era necessário pagar o frete.

Os interessados eram levados para um site alterado para parecer legítimo onde eram feitos os pagamentos. No entanto, após os valores serem pagos, quem pagou não recebia o produto – era dessa forma que os estelionatários lucravam. O dinheiro caía em contas de fachada.

"O que chamou a atenção dos investigadores não foi apenas o valor relativamente baixo do prejuízo, R$ 44,57 cobrados como ‘taxa de frete’, mas a sofisticação técnica por trás do golpe. Os criminosos haviam criado um vídeo com ‘deepfake’ da imagem e voz de Gisele Bündchen, fazendo parecer que a modelo estava realmente promovendo o produto inexistente", conta a delegada Isadora Galian.

Os suspeitos devem responder por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e jogo de azar.

Suspeitos identificados

O esquema começou a ser investigado quando uma mulher do Rio Grande do Sul procurou a Polícia Civil para denunciá-lo.

Os suspeitos foram identificados a partir de perfis falsos nas redes sociais que anunciavam as campanhas publicitárias fraudulentas. Os investigadores detalham que um dos perfis usava um nome fictício criado com dados falsos e conexão por meio de VPN para ocultar a localização de quem de fato estaria fazendo uso do perfil.

Apesar disso, os perfis verdadeiros dos estelionatários foram identificados. Por meio delas, eles ostentavam os ganhos com os golpes e debochavam das vítimas.

"As redes sociais dos investigados eram verdadeiras vitrines de ostentação, com veículos de luxo como Porsche Cayenne S, Range Rover Velar, BMW 430i e motocicletas BMW. Um debochou de uma vítima que havia perdido R$ 800: disse que ‘colocou R$ 200. Perdeu. Depois colocou mais 600", conta a delegada Isadora.

Mentoria para golpes

Ao longo da investigação, a Polícia Civil identificou o perfil de um estelionatário que ensinava técnicas de golpes digitais para seguidores.

"Através desta 'mentoria', ele criava uma verdadeira rede de multiplicação do crime", conta a delegada Isadora.

Como não cair em golpes

A Polícia Civil alertar a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes:

Desconfie de promoções "imperdíveis" protagonizadas por celebridades

Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas

Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar

Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta

Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo

Sobre denúncias, a Polícia Civil enfatiza que “uma das descobertas mais preocupantes foi constatar que a grande maioria das vítimas jamais denunciava os golpes”.

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