Pully Kambeba é estudante de Odontologia.

Divulgação

A chegada da internet via satélite mudou a realidade da comunidade indígena Três Unidos, do povo Kambeba, localizada a cerca de 60 km de Manaus. Pela primeira vez, 22 moradores conseguem cursar ensino técnico e superior sem precisar deixar a aldeia, algo antes inviável devido à falta de recursos para transporte, hospedagem e alimentação na capital.

A comunidade, formada por cerca de 40 famílias, vive um momento histórico. Dez jovens já concluíram o ensino médio e ingressaram em universidades, a maioria em cursos de pedagogia.

Outros quatro estudam na área da saúde, em formações técnicas e superiores como Engenharia Bucal, Odontologia, Enfermagem e Psicologia. Além disso, oito professores locais estão finalizando a graduação, e alguns já avançam para o doutorado.

Segundo o cacique (Tuxawa) Waldemir Silva, a conectividade transformou completamente a vida da aldeia:

“Era muito difícil, nem se compara. Nossos filhos tinham vontade de estudar, mas não tínhamos recursos para levá-los até Manaus. Assim, acabavam perdendo o tempo de estudar.”

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Hoje, crianças a partir de quatro anos podem cursar todo o ensino fundamental e médio dentro da própria aldeia.

Para Waldemir, a internet tem preparado jovens líderes e fortalecido o conhecimento sobre os territórios indígenas. A estudante de Odontologia Pully Kambeba destaca que a estabilidade do sinal é essencial para o aprendizado e para a preservação cultural:

“Antigamente, as aulas travavam quando vinha temporal ou o céu ficava nublado. Muitas pessoas precisavam sair da comunidade para estudar. Depois da Starlink, não é mais necessário deixar nosso território”.

Além da educação, a internet trouxe mais autonomia à comunidade. Moradores agora conseguem pagar contas, comprar insumos para artesanato e administrar o restaurante, o posto de saúde e a pousada local com mais facilidade, tornando o dia a dia mais eficiente e conectado.