
Buracos deixados pelo garimpo ilegal na Terra Yanomami e com rios poluídos
Samantha Rufino/g1 RR/Arquivo
A Justiça Federal em Roraima condenou a União por omissão na proteção dos povos Yanomami e determinou a adoção imediata de medidas para conter os efeitos da contaminação por mercúrio causada pelo garimpo ilegal. O g1 teve acesso à decisão nessa sexta-feira (26).
Na sentença, o juiz Diego Carmo de Sousa, da 2ª Vara da Justiça Federal, reconheceu que a União falhou no dever constitucional de proteger as terras indígenas e o meio ambiente, sendo responsabilizada como poluidora indireta.
O magistrado destacou que a contaminação já compromete a saúde, a cultura e a sobrevivência das comunidades Yanomami.
“Feitas tais considerações, resta demonstrados (i) a existência de dano ambiental primário (contaminação de água, solo e biota); (ii) o dano reflexo às comunidades indígenas (contaminação por mercúrio, insegurança alimentar, perda cultural); e (iii) a omissão estatal determinante para a expansão do garimpo e a perpetuação dos danos”, listou o magistrado.
O g1 procurou a Casa Civil, a Advocacia Geral da União (AGU) e a Casa de Governo, órgão em Roraima criado para cuidar das crise Yanomami e aguarda resposta.
Entre as medidas determinadas estão:
O mapeamento das áreas de risco;
O instalação de placas de alerta em linguagem acessível;
A distribuição de água potável;
A criação de um plano para eliminar o uso de mercúrio na mineração;
O monitoramento da contaminação em peixes e em indígenas, incluindo gestantes e crianças;
A elaboração de um protocolo de atendimento pelo SUS para pessoas intoxicadas.
Além das medidas de reparação, a União foi condenada ao pagamento de indenização por dano social e dano moral coletivo.
O valor será definido em fase de liquidação, com destinação ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD) e participação das comunidades na gestão dos projetos.
Para o juiz, a reparação deve ter "caráter pedagógico e abranger a recuperação da saúde, da segurança alimentar e da cultura dos povos afetados".
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami está em situação de emergência desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As ações ocorrem em duas frentes: a retirada de garimpeiros e na oferta de atendimento de saúde ao indígenas que vivem na região que há décadas enfrenta ameaças dos invasores.
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