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Justiça decreta prisão preventiva e acompanhamento psicológico para suspeita de matar irmão a facadas no AC


Justiça decretou a prisão preventiva de Camila Arruda Braz, suspeita de matar Ramon Arruda Braz com mais de 30 facadas. Foi determinado ainda que Camila seja submetida a avaliação por equipe médica multidisciplinar no prazo de 48 horas. Camila Arruda está presa preventivamente por matar o irmão com mais de 30 facadas

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A Justiça do Acre decretou a prisão preventiva de Camila Arruda Braz, de 37 anos, presa em flagrante por matar o irmão Ramon Arruda Braz, de 47, em Rio Branco na última terça-feira (3). A suspeita passou por audiência de custódia nessa quarta (4).

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A 1ª Vara do Tribunal do Júri determinou ainda que Camila seja 'submetida a avaliação por equipe médica multidisciplinar no prazo de 48 horas, que permaneça isolada e medicada na enfermaria do presídio com acompanhamento constante.

Ainda segundo a Justiça, Camila confessou que faz uso de medicação controlada para prevenir surtos psicóticos e é acompanhada por equipe médica desde 2022.

"A manutenção da prisão foi fundamentada na garantia da ordem pública e no risco de reiteração delitiva", diz a Justiça.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa da suspeita.

Ramon Arruda Braz, de 41 anos, foi morto a facadas nesta terça-feira (3)

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Relação conturbada

Os irmãos tinham uma relação conturbada e sempre discutiam muito. Há cerca de dois anos, Camila atacou o irmão com um espremedor de alho de ferro e desferiu diversos golpes na cabeça dele. Na época, os irmãos estavam sozinhos em casa, mas os familiares conseguiram entrar e socorrer Ramon.

Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ainda conforme a parente, Camila chegou a falar para alguns familiares, no último domingo (1º), que iria matar o irmão.

Conforme a família, a mulher tem laudo de transtorno de bipolaridade, chegou a fazer tratamento no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), mas estava sem acompanhamento e sem tomar a medicação há algum tempo.

Ramon Arruda e Camila (esq.) com a mãe e as irmãs em abril deste ano durante ensaio fotográfico

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"Não houve discussão em nenhum momento. Ele já tinha relatado para algumas pessoas da família que ela disse no domingo que mataria ele. No dia do crime, ele tinha chegado para comer e depois deitou no quarto para assistir, quando ela o chamou para arrumar um ventilador e começou a executá-lo", lamentou.

O crime ocorreu na Avenida Noroeste, no Conjunto Tucumã. Segundo a família, antes de chamar o irmão no quarto, Camila trancou as portas e janelas da casa, possivelmente para dificultar a saída da vítima e também a entrada de outras pessoas. A filha dela, de 6 anos, estava na casa e presenciou todo crime.

A Polícia Militar (PM-AC) encontrou Camila no portão da casa ensanguentada e com a filha. "Ela sempre discutia com todo mundo, é uma mãe muito possessiva, para nós vermos a criança era difícil, era muito controladora. Sempre teve um comportamento bem difícil, brigava com todos", recordou.

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Mais de 30 facadas

Camila e Ramon moravam com a mãe, de 64 anos. A idosa não estava na casa no momento do crime. Segundo a parente, Camila usou uma faca e desferiu 37 golpes no irmão. Doze golpes atingiram o coração da vítima.

"Não sei por onde começou [a atingir], mas foram 12 facadas no coração e as demais espalhadas pelo corpo. Ao todo, foram 37 facadas, então, não dá para dizer que mesmo fora de si a pessoa não tenha pensado nisso. Ela fez premeditado, a família tem noção disso e dói muito", disse.

Ainda conforme a família, Camila alegou para a polícia que suspeitava que o irmão teria abusado da filha. Porém, os familiares negam a acusação e afirmam que Ramon cresceu em um lar com muitas mulheres e sempre foi um homem respeitador.

"Isso é errado, estava deitado na cama e ela o chamou para arrumar o ventilador, mas já tinha fechado a casa inteira e começou a esfaqueá-lo. Ramon tinha seus defeitos, como todo ser humano, mas sempre estava ali para ajudar a todos e disposto a fazer o que pudesse pelo que acreditava. Era uma pessoa muito boa e o que mais dói é a história ter sido mal contada e jogada na internet. Tinha duas filhas, cresceu em uma casa que sempre teve mulheres e aprendeu a respeitar, cuidava da gente, tinha um zelo e carinho", criticou.

A mulher disse que o crime deixou toda família em choque e que, mesmo com as discussões dos irmãos, nunca imaginaram um fim trágico como esse.

"Somos parentes do dois, fica até difícil pesar na balança. Porém, o que ela fez é imperdoável. Minha tia perdeu duas pessoas da família dela, uma para a morte e outra está presa. A gente não consegue olhar para a cara dela nesse momento e nem liberar o perdão, é muito difícil, mas vamos tentar ser fortes pela criança, que não tem culpa", complementou.

Criança está muito abalada

Quando a polícia chegou após o acionamento dos vizinhos, Camila foi algemada e colocada na viatura da PM-AC. A filha dela foi socorrida por moradores até a chegada dos familiares. Conforme a parente, uma testemunha relatou como encontrou a criança.

"Ela pedia para não ser deixada lá. Ela ficou inércia, fora de si. A gente olhava para ela e estava com o olhar vazio, fora de órbita, literalmente. A vizinha do lado da casa a acolheu, está em contato com a gente e vamos buscá-la agora", finalizou.

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A reportagem não conseguiu contato com a defesa da suspeita. e

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