Em 2024, uma investigação do Ministério Público de São Paulo concluiu que a área era usada pelo PCC como esconderijo para guardar as drogas vendidas na região da Cracolândia. Moradores da Favela do Moinho, em São Paulo, vão receber ajuda financeira para deixar o local
Moradores de uma favela na região central de São Paulo vão receber uma ajuda financeira para deixar o local. O acordo de indenização foi negociado entre a União, que é dona do terreno, e o governo paulista.
A Favela do Moinho surgiu no começo dos anos 1990 e ocupa uma área de mais de 35 mil m² na região central de São Paulo. No terreno funcionava o Moinho Central, uma fábrica que processava farinha e produzia ração. A comunidade já passou por pelo menos quatro grandes incêndios, o maior deles em 2011.
Em 2024, uma investigação do Ministério Público de São Paulo concluiu que a área era usada pelo PCC como esconderijo para guardar as drogas vendidas na região da Cracolândia. Como o terreno pertence ao governo federal, em abril de 2025, o governo de São Paulo entrou com um pedido de cessão para transformar a área em um parque e começou a retirar famílias do local.
Houve protestos. A polícia entrou na favela. As manifestações chegaram até a afetar a circulação de trens na Grande São Paulo.
Estado e União também começaram a negociar um acordo para que os moradores do Moinho recebessem uma ajuda financeira para sair do terreno. O acordo saiu do papel. Mas houve divergências entre os dois lados. O governo federal chegou a ameaçar interromper as negociações se houvesse novas ações policiais durante protestos e remoções. Já as forças de segurança do estado têm afirmado que a polícia sempre atuou de forma correta, dentro da lei, para garantir a segurança dos próprios moradores.
O presidente Lula foi nesta quinta-feira (26) à Favela do Moinho para formalizar a ajuda habitacional. O governador Tarcísio de Freitas estava em outro evento e não compareceu.
O acordo entre a União e o governo de São Paulo destina aos moradores da comunidade o valor de R$ 250 mil para novas moradias, sendo R$ 180 mil pagos pelo governo federal e os outros R$ 70 mil pelo governo estadual para a compra da casa própria. Das 880 famílias que ocupam a Favela do Moinho, 791 já aderiram ao programa e aceitaram deixar o local.
As divergências entre os governos federal e estadual ressurgiram nesta quinta-feira (26). O presidente Lula se referiu às ações da Polícia Militar na área para dizer por que não anunciaria uma data para a cessão do terreno, o que o governo do estado considerou um retrocesso.
Apesar disso, tanto o governador Tarcísio quanto o presidente Lula destacaram o lado positivo do acordo para indenizar as famílias.
“Vocês estão próximos de conseguir a casa, que é o sonho de todo ser humano: ter uma casinha para morar e cuidar da sua família", diz o presidente Lula.
“A parceria sempre é bacana, porque a gente está sempre colocando o interesse do usuário em primeiro lugar, o interesse do cidadão em primeiro lugar, o interesse das pessoas em primeiro lugar”, afirma Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Marcada pela presença do crime organizado, Favela do Moinho, em São Paulo, começa a ser esvaziada para dar lugar a um parque
Reprodução/TV Globo
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