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Mulher tropeça em trilho, é atropelada por trem e tem perna amputada; vídeo mostra local


Família da vítima diz que empresa não prestou assistência após acidente. Moradores da região denunciam insegurança em travessia de trilhos devido a lixo e entulho de obras. Vídeo mostra trilho onde mulher foi atropelada por trem e teve a perna amputada

Uma mulher tropeçou ao cruzar uma linha férrea, foi atingida por um trem e teve a perna amputada, em Belo Horizonte. O acidente ocorreu em uma área tomada por lixo e entulho, com pouco espaço para travessia de pedestres, no bairro Nova Gameleira.

De acordo com um boletim de ocorrência da Polícia Militar, testemunhas relataram que a vítima foi atropelada por um vagão da empresa de logística MRS. Ainda conforme a PM, o maquinista seguiu o percurso até a Estação Central e alegou que não percebeu "qualquer anormalidade" durante o trajeto.

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O acidente foi registrado na última sexta-feira (20), mas ganhou repercussão nesta quinta (26), após a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) acionar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (leia mais abaixo).

A mulher, identificada como Natalice Gomes da Silva, de 49 anos, foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o Hospital João XXIII, na Região Centro-Sul de BH.

A família disse ao g1 que, além de perder uma perna, a vítima teve uma fratura na coluna. Familiares denunciaram que não receberam assistência da empresa que operava o trem.

Procurada pela reportagem, a MRS apenas afirmou que o trecho por onde o veículo passava é de responsabilidade da VLI, concessionária que administra a linha férrea. Em nota, a VLI lamentou o acidente e informou que, junto à MRS, avalia formas de prestar "auxílio de caráter humanitário à pessoa envolvida".

"A empresa orienta a população a manter sempre distância segura da faixa de domínio. Para não se colocarem em situação de risco, pedestres não devem acessar a margem dos trilhos ou permanecer sobre eles, bem como devem realizar a travessia da linha apenas em locais autorizados e devidamente sinalizados", disse a VLI.

Caso levado à ALMG

Nesta quinta-feira (26), a deputada Bella Gonçalves encaminhou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Segundo ela, os moradores estão correndo riscos e sofrendo violações de direitos às margens da ferrovia, que faz parte do projeto de expansão da linha metroviária (leia mais abaixo).

A Metrô BH, empresa que administra o sistema metroviário da Grande BH, negou qualquer relação com o acidente.

Montagem mostra mulher que teve perna amputada após ser atropelada por trem em BH e local do acidente

Arquivo pessoal

Denúncia de descaso

Moradores da região disseram que a vítima se acidentou perto de um canteiro de obras. De acordo com eles, várias casas estão sendo demolidas no entorno da linha férrea por causa das intervenções de expansão do metrô. Isso estaria causando acúmulo de entulho e lixo no local, além de insegurança para atravessar os trilhos.

Familiares da mulher também contaram que a MRS não prestou nenhum tipo de assistência após o acidente.

"Quando ela foi atravessar, como está cheio de entulho e lixo, ela tropeçou e bateu no vagão. As empresas ficam jogando a responsabilidade de uma para a outra e não querem saber de ajudar. É uma situação de descaso com os moradores", relatou Jéssica Gomes da Silva, filha da vítima.

Na última segunda-feira (23), manifestantes fizeram barricadas com móveis velhos na ferrovia para cobrar um posicionamento das empresas envolvidas no caso. No fim do dia, uma representante da MRS e assessores parlamentares conversaram com a população. O grupo reivindicava:

transferência da vítima para outro hospital, caso necessário, devido ao risco de infecção hospitalar;

lugar adequado para a mulher ficar depois da hospitalização, por considerar a casa onde ela mora inadequada e insegura para uma pessoa amputada;

auxílio financeiro e aluguel temporário de moradia que atenda às necessidades da vítima.

Depois de visitar o local do acidente e ouvir familiares da vítima, a deputada Bella Gonçalves acionou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para realizar vistorias nas obras da linha férrea. Ela alega que a situação dos trilhos representa um risco para moradores dos arredores e trabalhadores.

Metrô nega relação

Em nota, a Metrô BH afirmou que o acidente envolvendo a composição de carga não teve qualquer relação com a operação do trem de passageiros. "O incidente ocorreu em linha férrea distinta, sob a responsabilidade de outra concessionária", afirmou a empresa.

Quanto ao processo de remoção das casas para a expansão da linha metroviária, a concessionária disse que "tudo está em estrita conformidade com os acordos formalizados".

"Informamos que os resíduos sólidos estão sendo gerenciados e contidos na área de projeção das edificações, onde é proibido o tráfego de pessoas e não interfere na operação das linhas férreas que circulam na região. Reiteramos, ainda, que os resíduos se encontram completamente distantes do local do acidente", completou.

Veja o andamento das obras da linha 2 do metrô de BH

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