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No AC, Rio Tarauacá fica abaixo de 75 centímetros e moradores atravessam a pé: 'Nunca tinha visto tão raso'


Rio está abaixo dos 75 centímetros no município do Jordão

A seca histórica que atinge o Acre tem mostrado cenas incomuns. No município de Jordão, um menino conseguiu atravessar o rio que corta a cidade caminhando, em um trecho onde a água não chega ao joelho, nas imagens também é possível ver barcos encalhados ao longo do leito. (Veja vídeo acima)

Em outros pontos, moradores passam até de bicicleta pelo leito do rio da cidade, que está com menos de 75 centímetros de profundidade. A falta de navegabilidade preocupa freteiros e ribeirinhos, que dependem do transporte fluvial para levar mantimentos às comunidades mais isoladas.

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O freteiro Jonas Souza, de 47 anos, que há tempos navega pelo manancial, contou nunca ter visto situação parecida e que algumas pessoas atravessam o rio de bicileta.

''Quando comecei a vida nesse rio eu tinha 17 anos de idade, já estou com 47, nunca tinha visto o rio tão raso que nem estou vendo agora. Aqui em frente estão atravessando de bicicleta'', relatou.

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Ainda segundo Jonas, a profundidade do rio dificulta o transporte das cargas e mantimentos para a população. ''Para chegar até aqui, gastamos 12 dias em barco pequeno. A previsão ainda é de mais verão, e se não chover, a tendência é piorar ainda mais. Estou chegando aqui com quase 400 kg de carga arrastando no barco pequeno, nós temos que dividir as cargas em três barcos para dar conta'' completou.

Freteiro Jonas Souza, de 47 anos, de Tarauacá, interior do Acre, relata nunca ter visto o rio tão seco

Júnior Andrade/Rede Amazônica

Além da dificuldade de transporte, o baixo nível das águas expõe outros problemas, como lixo acumulado no manancial e peixes mortos. Em comunidades rurais, moradores relatam que nascentes já secaram e que a escassez de água afeta tanto o consumo humano quanto a produção agrícola.

A seca já provoca falta de produtos em cidades abastecidas apenas por via fluvial. Em Cruzeiro do Sul, o Rio Juruá também atingiu a menor cota do ano, e forçou embarcações maiores a suspenderem as operações.

O governo federal reconheceu a situação de emergência no Acre por causa da seca. Com isso, os municípios podem solicitar recursos para ações da Defesa Civil.

O estado receberá R$ 6 milhões do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional para execução de planos emergenciais.

Seca no Acre

O Acre enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos, com temperaturas altas, baixa umidade e chuvas muito abaixo da média, em julho, choveu apenas 8 milímetros em Rio Branco . O Rio Acre segue abaixo dos 2 metros devido a ausência de chuvas significativas há mais de 100 dias.

Rio Acre segue abaixo dos 2 metros devido a ausência de chuvas significativas há mais de 100 dias.

Júnior Andrade/Rede Amazônica

No dia 6 de agosto, o governo do estado e a prefeitura da capital decretaram situação de emergência por causa da seca. Os decretos, válidos por 180 dias, destacam que o regime de chuvas no 1º semestre de 2025 ficou abaixo do esperado, o que agravou a queda no volume dos rios.

Com a baixa, cidades sofrem com crise no abastecimento de água, estações de tratamento comprometidas e a necessidade de racionamento e envio de caminhões-pipa para comunidades urbanas e rurais.

Em 18 de agosto, o governo federal reconheceu a situação de emergência em 21 cidades do Acre. Rio Branco foi a última a ter o decreto federal publicado, no Diário Oficial da União do dia 28 de agosto.

O Ministério da Integração e a Agência Nacional de Águas (ANA) também classificaram como crítica a escassez hídrica nos rios Juruá, Purus, Iaco e Acre, medida válida até 31 de outubro.

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