Corpo de Bombeiros do RS registrou 112 atendimentos relacionados a lareiras até o início de julho. No mesmo período de 2024, foram 89. Especialistas alertam para riscos e boas práticas no uso de aquecedores durante o inverno. Lareiras ecológicas exigem cuidados para evitar acidentes
Reprodução/RBS TV
O número de ocorrências de incêndio envolvendo lareiras no Rio Grande do Sul cresceu 25,8% em 2025, de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar. Foram 112 registros até o início de julho, contra 89 no mesmo período do ano passado.
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No período de temperaturas mais baixas, o uso de equipamentos de aquecimento se intensifica. Recentemente, a explosão de uma lareira ecológica em Taquara causou um incêndio e destruiu dois cômodos de uma residência.
Em maio, o ex-zagueiro Lúcio sofreu queimaduras após acidente com uma lareira ecológica na casa de amigos no Distrito Federal. O pentacampeão mundial teve ferimentos em quase 20% do corpo, foi internado em Porto Alegre, e recebeu alta em junho.
Segundo o 1º tenente Vagner Silveira da Silva, da Academia de Bombeiro Militar do RS, o uso de qualquer tipo de aquecedor exige atenção.
“Qualquer aquecedor é uma fonte de calor e, se combinado com qualquer tipo de combustível, pode dar origem ao fogo fora do controle humano, que é um princípio de incêndio. Comparando com o restante do ano, há mais solicitações relacionadas a incêndios ou queimaduras causadas por aquecedores”, afirma.
O bombeiro destacou a importância de não utilizar água em casos de incêndios iniciados em lareiras do tipo ecológica, que utilizam algum tipo de combustível, o que pode aumentar o fogo. Segundo ele, o ideal é utilizar extintores de incêndio classe B, ou abafar a chama para cortar o oxigênio.
Veja outras recomendações:
Comprar equipamentos em lojas confiáveis e com certificação de órgãos reguladores, como o Inmetro;
Manter lareiras afastadas de materiais combustíveis, como tecidos, madeira e móveis;
Espere pelo menos 30 minutos após o uso para reabastecer;
Não utilize álcool comum de posto ou produto inadequado;
Evite usar a lareira em ambientes muito fechados e sem ventilação;
Jamais durma com a lareira acesa;
Mantenha crianças e pets longe do equipamento;
Não transporte a lareira acesa de um cômodo para outro.
"Se o ambiente não tiver aberturas para a troca de ar, a gente vai ter a presença de gases, como o monóxido de carbono, e a baixa da quantidade de oxigênio no ar, o que é um risco para a saúde", explica o engenheiro civil e de segurança do trabalho Demétrio Neto.
🔎 Lareira ecológica: também conhecida como lareira a álcool ou biolareira, funciona a partir da queima de álcool, produzindo chamas reais, sem gerar fumaça ou resíduos. Ela não exige chaminé ou dutos, o que facilita a instalação em ambientes residenciais.
No caso das lareiras tradicionais, o ideal é que elas tenham grade de proteção, para que a brasa não atinja tecidos infláveis.
Uso de lareiras ecológicas exige cuidados redobrados
Tratamento de queimaduras
Em paralelo aos alertas de prevenção, uma nova tecnologia passa a reforçar o tratamento desses casos na rede pública de saúde.
A membrana amniótica, camada da placenta descartada após o parto, foi aprovada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como curativo biológico para queimaduras. O material será disponibilizado a partir de setembro por meio do Sistema Nacional de Transplantes.
“A membrana amniótica é captada de partos cesarianos, no momento do nascimento, diferentemente da pele, que é captada no momento do óbito”, explicou Eduardo Chem, coordenador do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre.
A técnica começou a ser estudada no Brasil após a tragédia da Boate Kiss, em 2013, quando tecidos foram doados de diversos países para o tratamento dos feridos. Desde então, a membrana passou por testes e regulamentações até ser incorporada oficialmente ao SUS.
O Banco de Tecidos da Santa Casa será um dos quatro centros no país responsáveis pelo armazenamento do material. A expectativa é que a nova terapia ajude a ampliar os estoques e agilize o atendimento a vítimas de queimaduras, especialmente em períodos de maior risco, como o inverno.
Uso de membrana amniótica no SUS
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