G1

Peritos identificam restos mortais do músico brasileiro desaparecido às vésperas do golpe militar na Argentina

Depois de 50 anos, Argentina identifica corpo de pianista morto em Buenos Aires

A Justiça argentina identificou o corpo do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido há quase cinquenta anos em Buenos Aires, às vésperas do golpe militar.

Francisco Tenório Júnior foi um grande pianista da bossa nova. Ele estava em turnê no Uruguai e na Argentina com Vinícius de Moraes e Toquinho, no começo de 1976.

Na noite de 18 de março, depois de um show, saiu do hotel para fazer compras e desapareceu.

Testemunhas relataram que Tenório Júnior entrou em um carro.

Dois dias após o sumiço, um corpo foi encontrado em um terreno baldio com marcas de tiros. A polícia argentina fez biópsia, coletou impressões digitais e enterrou o corpo como indigente.

No dia 24 de março, ocorreu o golpe de Estado na Argentina, e uma junta militar assumiu o poder.

Este ano, um trabalho da Justiça argentina voltado à busca da verdade sobre desaparecidos comparou as digitais e descobriu que aquele homem enterrado como indigente era Tenório Júnior. A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos enviou à família uma cópia do inquérito policial e o documento que comprova a identificação.

O documento mostra que o pianista foi morto com cinco tiros.

Essa identificação foi possível graças a uma força-tarefa da Procuradoria de Crimes contra a Humanidade, que analisa causas judiciais abertas em Buenos Aires entre 1975 e 1983.

Naquela época, muitos corpos foram encontrados nas ruas da cidade, e os casos foram arquivados. O próximo passo é determinar se essas vítimas foram assassinadas por terrorismo de Estado.

Tenório Júnior tinha 35 anos, deixou quatro filhos e a esposa grávida. Estimativas de organizações de direitos humanos argentinas calculam que 30 mil pessoas desapareceram no país durante a ditadura.

Toquinho, parceiro de turnê de Tenório Júnior, comentou: “Depois de 49 anos, quase 50 anos desse acontecimento, agora a família, pelo menos, tem um mínimo conforto por ter encontrado seu corpo. Fizemos de tudo na época. Vinícius, conhecedor enorme da embaixada brasileira, carreira diplomática, mas nada puderam fazer. Foi uma época muito conturbada em Buenos Aires, principalmente na Argentina, uma vítima desse tempo terrível que passamos na América do Sul, principalmente Brasil, Argentina e Chile. Felizmente, esse tempo passou.”

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