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Plano do grupo de TH Joias era eleger traficante Índio em Caxias e nomear PMs na Alerj; ouça áudios


Áudios mostram plano de quadrilha de TH Joias para aumentar influência na política

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) mostram que a quadrilha de Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, pretendia aumentar a sua influência na política do Rio de Janeiro.

Na quarta-feira (3), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram a operação Zargun em que prendeu TH Joias.

O plano da quadrilha era nomear em gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), os policiais que integravam a organização criminosa.

A quadrilha comandada pelo ex-deputado TH Joias, contava com uma rede seguranças e informantes, de acordo com a Polícia Federal. Os PMs vazavam operações ou eram responsáveis pela escolta de TH ou de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão. Um dos arquitetos da ideia é Luiz Eduardo Cunha, o Dudu, assessor de TH.

Para isso, o grupo pretendia lançar Índio do Lixão como candidato a vereador em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nas próximas eleições. Seguindo assim os passos de TH Joias na política.

A Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da Polícia Federal conseguiu interceptar uma conversa entre Dudu e Índio.

Dudu: A gente pega um político, um deputado, e fala assim: mano, deixa dois policiais aí 'adido' meu. Vou pagar o salário da Alerj aí. Vou devolver o salário dele da Alerj. É muito mais barato do que você pagar R$ 30 mil de segurança todo mês.

Índio: Consegue fazer isso?

Dudu: Consegue, pô.

A imagem de Índio vinha sendo trabalhada pela organização para ele aparentar uma vida honesta, sem ligações com o tráfico.

"Honestidade é tudo", disse em Índio, segundo a PF, em vídeo no interior de sua casa em que filmava uma "montanha" de notas de reais, que totalizavam R$ 5 milhões. O dinheiro pertencia ao traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, do Complexo do Alemão.

Em janeiro de 2025, o grupo decidiu que Índio deveria sair do Complexo do Alemão, onde morava, e alugar uma casa em algum bairro nobre do Rio.

Plano era morar na Barra da Tijuca

A quadrilha procurou por casas em condomínios de luxo na Barra da Tijuca:

Dudu: "Península, cara. Península é muito seguro, maioria dos políticos mora lá"

Índio: Ali, a casa deve ser quanto, o aluguel ali?

Dudu: "Cara, o aluguel de um apartamento bom ali deve ser uns R$ 17, 18 mil. Apartamento. Que lá mora tudo. Deputado federal, político... Muito político lá.

Índio: É seguro e menos visado, né?

Dudu: É, menos visado.

TH Joias: Quadrilha fala em morar em condomínio de luxo na Barra da Tijuca

Reprodução

Índio acabou escolhendo uma mansão na Freguesia, em Jacarepaguá. Foi lá que ele foi preso pela DRE, da Polícia Federal, na quarta-feira (3). A casa é avaliada em R$ 2, 8 milhões.

As imagens fazem parte do inquérito que levou para a cadeia TH Joias e outros suspeitos de integrarem uma organização criminosas que, entre outros crimes, lavava dinheiro para o Comando Vermelho.

TRF mantém a prisão

Nesta segunda-feira (8), a 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal (TRF), da 2ª Região e manteve a prisão de Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias. Além dele, outros 13 suspeitos tiveram a prisão mantida por decisão da Justiça.

Sete desembargadores seguiram a decisão do desembargador Macário Júdice Neto, relator do caso.

Um dos foragidos do caso se apresentou nesta segunda-feira na Polícia Federal e ficará preso: Leandro Alan dos Santos, ex-agente temporário do Degase. Ele é suspeito de transportar armas e drogas para a quadrilha.

O que dizem as defesas

"É só o começo, é um processo longo, tivemos menos de uma semana para analisar tudo. É apenas a primeira etapa, vamos continuar lutando, temos certeza que a defesa vai conseguir esclarecer os fatos", disse Matheus Ozório, advogado do ex-assessor Luiz Eduardo Cunha Gonçalves.

A defesa de TH Joias se pronunciou por nota:

"A defesa do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva considera absurdas as acusações que vêm sendo reiteradas contra ele.

Existe um claro movimento de perseguição política a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro.

Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e demonstrar a total inocência do deputado".

A defesa de Índio deixou o caso e o g1 procura pelos novos advogados.

TH Joias deitado numa cama com maços de reais; PF suspeita que seja R$ 5 milhões

Reprodução

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