Veículo fabricado em 1963 é o último exemplar completo da frota elétrica original e integrará o acervo do museu no Valongo. Veículo integrará acervo do futuro Museu Ferroviário em Santos, SP.

Divulgação/Prefeitura de Santos

A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, receberá um exemplar histórico do trólebus 625, o último completo da frota elétrica original de 1960. Vendido como sucata e exposto como monumento no interior paulista, o veículo voltará à cidade após quase três décadas para integrar o acervo do futuro Museu Ferroviário, no Valongo.

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A aquisição foi divulgada pela prefeitura na terça-feira (24). A compra e o transporte do veículo foram realizados pela empresa de logística portuária AGEO Norte por meio de um instrumento de implantação de medidas mitigadoras ou compensatórias (TRIMMC). A entrega do trólebus é uma das contrapartidas da empresa.

A incorporação ao museu valoriza o transporte coletivo urbano eletrificado.

História do veículo

Fabricado em 1963 pela Alfa Romeo com a Fiat e a Marelli, o trólebus foi um dos 50 adquiridos pelo antigo SMTC para inaugurar o sistema elétrico sobre pneus da cidade.

Desativado e leiloado como sucata em 1994, ele foi comprado por Mauro Diegues, da família fundadora da Expresso Brasileiro, que operava linhas municipais na década de 1960. O veículo, preservado, virou monumento na chácara Recanto Diegues, em Conchal, no interior paulista.

Em 2024, foi colocado à venda on-line e comprado pela AGEO para fins de preservação, mesmo com ofertas maiores de colecionadores particulares. O proprietário preferiu um desfecho simbólico.

Transporte e logística

A operação durou mais de 11 horas: quatro para a retirada, cinco de viagem e quase duas para descarregar o veículo em Santos.

Processo de restauração

Trólebus histórico retorna a Santos, SP, após 30 anos para integrar o Museu Ferroviário.

Divulgação/Prefeitura de Santos

O trólebus 625 passará por um levantamento técnico dividido em três etapas:

Pesquisa histórica;

Análise das condições atuais;

Coleta das informações técnicas.

Conforme explica o coordenador da equipe de manutenção de bondes da CET-Santos, Marcos Rogério Nascimento, o trabalho está sendo conduzido pelo órgão, que realizará a pesquisa documental e as atividades de campo do veículo.

O objetivo é avaliar os pontos fortes e fracos do trólebus para elaborar um plano de restauração focado na fidelidade histórica e integridade visual, mantendo suas características originais.

A restauração será realizada pela Viação Piracicabana, especialista em manutenção de trólebus e ônibus, após conclusão dos levantamentos técnicos e aprovação do Departamento de Patrimônio.

Museu Ferroviário

Com investimento de R$ 9 milhões em parceria com o Governo do Estado, o Museu Ferroviário de Santos está em fase de implantação no cais do Valongo. O espaço será adaptado para exposições, restauração e ações educativas, e já reúne locomotivas, vagões e bondes raros, configurando uma das maiores iniciativas de preservação ferroviária da América Latina.

Do sistema trólebus, o acervo histórico inclui a carcaça de outro veículo idêntico, que será recuperado cosmeticamente, uma subestação elétrica móvel — única no mundo — e um caminhão guincho de 1970 usado no serviço de socorro.

Importância histórica

Os trólebus surgiram como evolução dos bondes, mantendo a tração elétrica e aproveitando a infraestrutura urbana existente. Em Santos, complementavam o sistema de bondes, com a primeira linha instalada na Avenida Washington Luís, única via principal sem trilhos.

O acervo de bondes inclui outro exemplar fabricado pela Fiat, marca que produziu bondes e trólebus nas décadas de 1950 e 1960. Segundo a prefeitura, isso faz de Santos a única cidade da América do Sul com os dois modelos da fabricante italiana em exposição permanente.

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