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Adolescente agredido, torturado, morto e jogado em rio por causa de celular: o que se sabe sobre o caso


Alex Gabriel dos Santos, de 16 anos, foi encontrado sem vida após ficar seis dias desaparecido no interior de SP. Ministério Público denunciou à Justiça quatro suspeitos; todos estão presos. Alex Santos, de 16 anos, foi encontrado morto em 7 de junho, dias depois de desaparecer de casa em Pontal (SP)

Acervo EP

Em denúncia oferecida à Justiça na última terça-feira (1º), o Ministério Público (MP) trouxe à tona detalhes da morte do adolescente Alex Gabriel dos Santos, de 16 anos, em Pontal (SP) na madrugada do dia 1º de junho.

Alex foi agredido, torturado e teve o corpo jogado em um rio após ter pegado um celular em um depósito de bebidas próximo da casa onde vivia com a família.

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Uanderson dos Santos Dias, de 19 anos, João Guilherme Moreira, de 27, Alex Sander Benedito Ferreira, de 23, e Jean Carlos Nadoly, de 28, são apontados como autores do crime, foram denunciados à Justiça e devem responder por homicídio triplamente qualificado.

Para o MP, eles agiram por motivo torpe, meio cruel (asfixia e tortura) e recurso de dificultou a defesa da vítima. Os quatro tiveram a prisão preventiva decretada no dia 2 de julho.

Eduarda Miranda do Amaral, funcionária do depósito, também foi denunciada pelo Ministério Público, mas, por colaborar com a investigação e manter o paradeiro informado nos autos, o MP optou por aplicar apenas medidas cautelares.

O g1 tentou localizar a defesa deles, mas não obteve retorno.

Adolescente ajoelhou na brasa, teve mãos amarradas e foi morto

Abaixo, veja o que já se sabe sobre a morte do adolescente:

Como Alex desapareceu

Segundo a irmã de Alex, na madrugada de 1º de junho, o jovem foi até um depósito de bebidas perto da casa dele. Ao voltar, o adolescente disse que tinha encontrado um celular. Kemily Pereira Rocha disse que ele estava feliz porque não tinha um telefone.

Ela foi dormir e, pela manhã, não encontrou o irmão, mas pensou que ele tivesse ido à feira, como de costume. Os pais deles voltaram de viagem e estranharam a ausência do filho, que também não fez contato.

A mãe foi à polícia e registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento.

De acordo com a denúncia do Ministério Público à Justiça, logo após Alex chegar em casa, João Guilherme, dono do celular, voltou ao depósito procurando pelo aparelho e foi informado por Eduarda de que Alex tinha levado. Ela ainda avisou João Guilherme onde Alex vivia e o levou até o local.

Ainda de acordo com a denúncia, ao ser abordado, o adolescente entregou o aparelho imediatamente, mas foi obrigado a entrar no carro de João Guilherme e foi levado até um galpão, onde Uanderson, Alex Sander e Jean Carlos aguardavam.

Depósito de bebidas onde Alex Gabriel Santos pegou celular em Pontal, SP

Tiago Aureliano/EPTV

Como foram as agressões e torturas

No galpão, Alex foi agredido nas regiões das pernas, da cabeça e da barriga com socos, chutes e pedaços de madeira. Um objeto semelhante a um chicote também foi usado para golpear a cabeça do adolescente.

Durante as agressões, a funcionária do depósito, que estava junto com os quatro homens, chegou a afirmar que Alex tinha furtado a bicicleta de uma conhecida dela, o que fez com que aumentassem a violência.

Ainda de acordo com as investigações do MP, João Guilherme mandou Alex se ajoelhar em brasas de uma fogueira que tinha no local e amarrou as mãos da vítima com uma corda.

A denúncia também aponta que, na sequência, a corda foi enrolada no corpo de Alex e amarrada a um pedaço de madeira.

João Guilherme então levou a funcionária do depósito embora e ordenou que os outros três homens vigiassem Alex. Quando ele retornou ao local, desta vez sem a mulher, as agressões foram retomadas e os quatro utilizaram arame farpado para amarrar Alex.

Eles também colocaram um saco plástico na cabeça do adolescente e tijolos no corpo, em uma tentativa de ocultação.

Ainda segundo a denúncia, Alex estava desacordado quando foi colocado na caçamba da caminhonete de João Guilherme. Em seguida, o corpo dele foi jogado no Rio Pardo.

Galpão onde Alex Gabriel Santos foi agredido antes de desaparecer em Pontal, SP

Tiago Aureliano/EPTV

Como a polícia chegou aos suspeitos

Com ajuda de depoimentos e de imagens de câmeras de segurança, a Polícia Civil identificou um veículo envolvido no sumiço do jovem.

Quatro pessoas foram levadas à delegacia para prestar depoimento dois dias depois do desaparecimento, sendo que uma delas confessou que o adolescente foi levado a um galpão e fortemente agredido.

Após serem ouvidos, os suspeitos foram liberados.

Já no dia 5, porém, a pedido da Polícia Civil, a Justiça decretou a prisão temporária, e eles foram presos.

Como o corpo foi encontrado

Por seis dias, Alex foi considerado desaparecido e a polícia fez buscas pela região atrás do adolescente.

Na manhã do dia 7, bombeiros e policiais se reuniram para as buscas em um ponto específico do Rio Pardo, próximo a uma usina.

O corpo de Alex foi encontrado por volta das 10h, e a área foi isolada para o resgate e o trabalho da perícia. Familiares acompanharam o trabalho.

O trabalhador rural Samuel Lopes da Silva, primo do adolescente, detalhou os sinais de tortura.

"Ele foi encontrado amarrado, os braços e as pernas, amarrado com arame farpado, com corda, com um saco na cabeça. Só pela situação que foi encontrado, a gente já sabe o sofrimento que ele passou. A gente não consegue imaginar a dor que ele deve ter sentido, o medo."

O laudo necroscópico constatou que a vítima morreu por asfixia mecânica e meio cruel.

Enterro de Alex Gabriel dos Santos reúne multidão e tem pedidos por justiça em Pontal, SP

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