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Bienal de Veneza debate como arquitetura pode responder à crise do clima


Pela primeira vez, mais de 750 pessoas, de diferentes áreas de conhecimento, participam da mostra. Bienal de Veneza, na Itália, debate como arquitetura pode responder à crise do clima

Na Itália, a Bienal de Veneza debate como a arquitetura pode responder à crise do clima.

Com a água baixa, que dificulta a navegação pelos canais menores, Veneza discute mais uma vez formas de construção e espaços.

Bienal de Veneza busca soluções para a crise climática por meio da arquitetura.

Reprodução/Jornal Nacional

Ela, que se sustenta sobre palafitas feitas de madeiras de mais de mil anos — que nunca apodreceram — sediou a primeira Bienal oficial de Arquitetura, em 1980.

De lá pra cá, muita coisa mudou.

A arquitetura sempre representou uma resposta ao clima.

Com esse pensamento, Veneza, uma das cidades mais sensíveis do mundo às mudanças climáticas, acolhe esta Bienal, que olha para o futuro refletindo sobre o passado remoto.

E mostra como a arquitetura pode — e deve — se adaptar às emergências ambientais e sociais do mundo de hoje.

Uma adaptação que exige grandes mudanças. Por isso, a exposição se tornou um laboratório dinâmico.

Pela primeira vez, mais de 750 pessoas, de diferentes áreas de conhecimento, participaram da mostra.

Arquitetos e engenheiros, cientistas do clima, matemáticos, filósofos, artistas, com ideias para as transformações de um mundo em chamas, afirmou o curador Carlo Ratti.

Três tipos de inteligência são evocados: a natural, a inteligência artificial e a coletiva.

Nos jardins, o Pavilhão do Brasil é um bom exemplo de inteligência natural, onde a ancestralidade amazônica criou a grande floresta — pelo menos em parte.

Pesquisas recentes mostraram que a selva amazônica contém uma grande quantidade de plantas domesticadas pelos povos indígenas há pelo menos 12 mil anos, indicando que a Amazônia não é apenas uma floresta virgem, mas sim um jardim cuidadosamente plantado e cultivado.

No chão, os mapas amazônicos mostram a impressionante ocupação da floresta no passado.

Uma instalação leve, quase suspensa, revela projetos de criação coletiva.

Implantados em várias regiões do Brasil contemporâneo, são estratégias arquitetônicas de contextos locais — mas importantes para os desafios globais.

No arsenal, reflexões sobre as metrópoles. Mostra de aparelhos de ar-condicionado, sobre o aquecimento do planeta, onde as temperaturas estão aumentando e as populações diminuindo.

A inteligência artificial está em robôs que repetem os nossos gestos e respondem às nossas perguntas.

— Você fala português?

— Sim, falo. Como posso ajudar?

Na instalação brasileira da Fundação Humanitas, a proposta são tijolos e paredes feitos de cânhamo — a cannabis sativa usada há mais de 10 mil anos.

Os tijolos podem ajudar a diminuir as emissões de CO₂ provocadas pela produção do cimento, além de representar um poderoso isolamento térmico.

O cânhamo industrial, com uma dosagem menor de THC do que a presente na maconha, já existe na indústria têxtil e de papel em vários países.

No porto, era usado nas cordas e velas das embarcações da Idade Média, quando Veneza era conhecida como República Marítima.

A conselheira da Fundação Humanitas, Fabiane Ferreira Lopez, diz que a intenção é mostrar ao Brasil e ao mundo as potencialidades do cânhamo, também econômicas.

"Em geral, a gente pensa sempre o futuro do planeta Terra, da humanidade, de modo muito trágico. E eu acho que essa Bienal traz uma outra perspectiva, de que existem já tecnologias para que a gente mude esse futuro, mas também tecnologias ancestrais", afirma a historiadora.

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