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Campinas, 251 anos: Vila Industrial já foi bairro segregado e hoje é símbolo de patrimônio arquitetônico da cidade


Veja como Vila Industrial foi de bairro segregado a patrimônio arquitetônico de Campinas

Chão de ladrilho, parede de tijolos antigos, janelas em madeira e vitral. A casa da Ana Villanueva, que já foi da periferia de Campinas, hoje compõe um sítio histórico da Vila Industrial.

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Arquiteta, professora e ex-integrante do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da cidade, ela fez da sua pesquisa um estilo de vida. Em 1994, adquiriu, restarou e foi morar em uma residência que foi construída em 1924 para abrigar os operários da Companhia Mogiada de Estrada de Ferro.

A residência cenetária guarda as portas, o piso e esquadrarias do período do Ecletismo. Ela também carrega o peso da segregação entre ricos e pobres, os doentes e os sãos.

"A gente tem uma linha férrea, então tudo que se queria esconder dos olhos se colocava atrás da estação. A Vila Industrial era o 'atrás'", conta a arquiteta.

Era na Vila Industrial que ficavam dois hospitais - dos morféticos e dos variolosos, o Matadouro, o Curtume e a Vila Operária. No começo do século 20, restos mortais de vítimas da febre amarela iam para cemitérios que também ficavam isolados do centro.

Quando a ferrovia chegou, impulsionou a indústria local, mas ainda assim na periferia da Campinas dos Grandes Fazendeiros.

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O túnel dos segregados

O que hoje é a Estação Cultura, naquela época foi uma muralha que dividiu e segregou a cidade. A única ligação a pé entre o centro de Campinas com a Vila Industrial era um túnel que passava embaixo da estação ferroviária.

Com 200 metros de extensão, ele foi construído em 1918 e continua útil na rotina dos campineiros, conservando eu piso e seus tijolos.

A construção é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural (Condepac), junto com o Complexo Ferroviário da região central, que inclui a estação e o Teatro Castro Mendes, que antes foi um cinema.

Nem Sangue, Nem Areia

Sinésio Jorge Filho, também conhecido como "Shina", morou mais da metade da vida no bairro.

O economista e professor de matemática é filho de um dos fundadores do bloco "Nem Sangue Nem Areia", um dos mais tradicionais da cidade, ele nasceu em pleno carnaval.

"A minha relação com o Nem Sangue Nem Areia é umbilical. Eu nasci com o carnaval rolando. O carnaval era um evento muito importante na Vila Industrial", conta Shina.

Apaixonado pelo bairro, o economista sonha com o seu contínuo desenvolvimento e reconhecimento das pessoas que ali vivem.

"Eu me vejo em todos os cantos da Vila Industrial como mais do que um observador, como um vivente, que relembra o passado, se emociona com o presente e torce pelo futuro da Vila Industrial", conta o professor.

Vila Industrial já foi bairro segregado de Campinas

Reprodução/EPTV

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