G1

Cheia dos rios muda rotina de escolas e aumenta casos de doenças no Amazonas


Durante a cheia, crescem os riscos de afogamentos, de acidentes com animais peçonhentos e, principalmente, com as doenças causadas a partir do contato com água contaminada. 20 cidades do Amazonas estão em emergência por causa da cheia de rios

A cheia de rios no Amazonas já afeta mais de 200 mil pessoas. Vinte cidades estão em emergência, uma situação que impacta também a saúde da população.

No Amazonas, de acordo com o governo, as aulas não chegaram a ser interrompidas nos municípios em situação de emergência pela cheia, mas precisaram ser adaptadas.

Em Benjamin Constant (AM), extremo oeste do estado, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, o transporte dos alunos da zona rural está sendo feito pelo rio. E a escola também é lugar para alertar sobre os riscos da subida das águas.

O município está entre os oito do estado que já entraram em situação de emergência também em saúde.

Agentes de saúde percorrem as comunidades que ficam entre os rios e a floresta. Levam medicamentos e hipoclorito de sódio. Eles dão orientações quanto ao uso dessas gotinhas na água para evitar doenças.

Durante a cheia, crescem os riscos de afogamentos, de acidentes com animais peçonhentos e, principalmente, com as doenças causadas a partir do contato com água contaminada.

Cheia dos rios muda rotina de escolas e aumenta casos de doenças no Amazonas

Jornal Nacional

Em Benjamin Constant, os casos de doenças gastrointestinais estão aumentando. Só em quinze dias de maio, o município já registrou praticamente a mesma quantidade de casos notificados em abril: mais de 400.

Muita gente chega ao hospital da cidade com as mesmas queixas:

"E ela disse que estava doendo muito a barriga dela", diz Sofia Alves Ruiz, autônoma, sobre a filha.

"Ele apresentou primeiramente vômito e, logo em seguida, diarreia e a dor do abdômen estomacal (corta) e aí não conseguia mais aceitar nenhum tipo de alimentação ou água", diz Maria da Conceição da Silva Lomas, professora, sobre seu filho.

Uma pesquisadora em ciências ambientais da Universidade Federal do Amazonas diz que estudos feitos aqui comprovam a contaminação das águas na cheia em vários pontos do rio Javari, que banha a cidade.

"Altos índices de coliformes fecais, que é o primeiro alerta para a gente porque atinge diretamente a saúde humana, sobretudo de crianças, pessoas vulneráveis, como idosos ou doentes. Então, esses índices para potabilidade de água são fundamentais, porque o banho já pode fazer com que haja uma contaminação. Não só a ingestão ou alimentação", diz Geise Canalez, pesquisadora da UFAM em Ciências Ambientais e Agrárias.

Em Tabatinga, cidade vizinha a Benjamin, o rio Solimões desceu um centímetro neste sábado (17). Está na cota de 12 metros e 55 cm e numa fase que indica estabilização do nível das águas. O monitoramento do Solimões serve de base para os afluentes como o Javari.

E rio assim, estável, já traz um alívio de que os locais alagados voltem a ter terra firme em breve. É a esperança de muitos ribeirinhos:

"A gente anda normal, tem brincadeira aqui para as crianças, tem esse campinho aqui na frente, tem torneio. É bom quando está seco. Agora, quando está alagado, fica essa situação na ponte, fica feia, fica tudo mole. Tem que abaixar logo", afirma Andreia Rangel, dona de casa.

Anunciantes

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.