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‘Desista, professorinha’: PF faz operação contra suspeitos de violência política de gênero no Paraná


Candidata à prefeitura de São Miguel do Iguaçu recebeu bala de revólver, ameaças de morte, perseguições e emboscada durante campanha de 2024. Candidata a prefeitura de São Miguel do Iguaçu foi vítima de violência política de gênero

Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na quinta-feira (10), seis mandados de busca e apreensão em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, em uma operação que apura ameaças e perseguições contra a ex-candidata à prefeitura Rejane Christ (União Brasil) durante as eleições municipais de 2024.

Durante a campanha eleitoral, Rejane foi alvo de ameaças de morte, perseguição veicular e até emboscadas. Em um dos episódios, recebeu um bilhete com os dizeres “Desista, professorinha”, acompanhado de uma bala de revólver.

Diante da gravidade das ameaças, a segurança da candidata foi reforçada, e o efetivo policial ampliado durante o pleito.

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A operação, batizada de Vox Integra, buscou reunir provas sobre crimes de assédio, constrangimento, perseguição e ameaça, caracterizados como violência política de gênero.

O material apreendido nos mandados será periciado e analisado pela Polícia Federal. Segundo a PF, o caso segue sob investigação.

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Violência política de gênero é crime desde 2021

A operação acontece no ano em que a Lei nº 14.192/2021, que criminaliza a violência política de gênero, completa quatro anos. A norma alterou o Código Eleitoral e estabeleceu mecanismos para prevenir, reprimir e combater a violência contra mulheres no exercício de seus direitos políticos.

A legislação também garante a participação de mulheres em debates eleitorais e prevê punição para a divulgação de informações falsas ou vídeos inverídicos durante a campanha.

Desde a criação da lei, até o ano de 2024, o Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à Violência Política de Gênero (GT-VPG), vinculado ao Ministério Público Federal (MPF), recebeu 215 denúncias em todo o país — uma média de seis por mês. Os casos envolvem ofensas, transfobia, agressões físicas, violência psicológica, moral e sexual.

Mulheres que sintam vítimas de violência política de gênero podem denunciar os episódios por meio do canal oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mulheres ainda enfrentam barreiras para chegar à política no Paraná

Mesmo representando 51% da população paranaense, as mulheres seguem sub-representadas na política local. Das 399 cidades do estado, 72% (287 municípios) não elegeram nenhuma mulher para o cargo de prefeita desde o ano 2000, segundo dados do TSE.

Em 2020, apenas 9% (37) prefeitas foram eleitas no Paraná. Já em 2024, as mulheres representaram 13% das candidaturas e o número pleitos permanece o mesmo, apenas 9% (36) foram eleitas para os cargos de chefia do Executivo municipal.

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