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'Ela colocava pacientes em risco', diz médica que teve carimbo usado por falsa profissional presa em Manaus


Verdadeira médica, em entrevista à Rede Amazônica, revelou que não conhecia Sophia Livas e que teve seu carimbo furtado pela suspeita dentro de uma unidade de saúde. Falsa médica é presa em Manaus por atender crianças cardiopatas

A educadora física Sophia Livas de Morais Almeida, de 32 anos, presa por atuar como falsa médica em Manaus, furtou o carimbo de uma residente em medicina e usava o registro profissional da jovem no Conselho Regional de Medicina (CRM) para fazer atendimentos ilegais.

Sophia foi presa na segunda-feira (19), enquanto se exercitava em uma academia na Zona Centro-Sul de Manaus. Na casa dela, a polícia apreendeu receituários médicos, crachás e documentos que comprovam a atuação irregular, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.

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Segundo as investigações, Sophia teve acesso ao Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), onde conseguiu o carimbo de uma médica residente que tinha o mesmo primeiro nome. A partir daí, passou a realizar consultas de forma independente, usando indevidamente o registro da profissional.

A médica verdadeira relatou à Rede Amazônica que, ao saber que alguém estava usando seu carimbo e CRM, registrou um Boletim de Ocorrência para evitar ser responsabilizada por atendimentos que nunca realizou.

“A primeira coisa que fiz foi registrar o boletim. Meu receio era que ela cometesse algum erro e isso fosse associado a mim, ainda mais porque ela atendia crianças. Ela colocava pacientes em risco”, contou.

A vítima foi procurada pelo delegado Cícero Túlio, responsável pela investigação. Na delegacia, reconheceu Sophia por meio de fotos e afirmou que nunca havia tido contato com ela antes disso.

Segundo a residente, a falsa médica se apresentava como especialista em saúde infantil, com foco em cardiopatias, e chegou a prescrever remédios controlados para duas crianças autistas – uma área fora de sua formação.

“Queria que identificassem quem estava usando meu nome, meu carimbo. Descobri que ela usava até fotos com crianças durante os atendimentos, mas essa nem é minha área. Estou no terceiro ano da residência em cirurgia geral”, disse.

Com a prisão de Sophia, a médica afirmou sentir alívio, principalmente pelo fim dos riscos aos pacientes.

“O maior problema é que o paciente deixa de ser atendido por alguém qualificado e pode receber um diagnóstico errado. Isso pode atrasar o tratamento e, em casos mais graves, até levar à morte”, declarou.

Até a última atualização desta reportagem, o g1 não conseguiu localizar a defesa de Sophia Livas.

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Prisão da falsa médica

A Polícia Civil informou que Sophia Livas é formada em Educação Física, mas atuava ilegalmente como médica especialista no tratamento de crianças cardiopatas. Ela realizava atendimentos em hospitais públicos, clínicas particulares e dava aulas como professora voluntária em faculdades de medicina em Manaus.

Este é o segundo caso recente de falsos médicos atuando na cidade. No final de abril, Gabriel Ketzel da Silva, de 28 anos, foi preso por se passar por médico, após atuar ilegalmente por pelo menos dois anos, principalmente no atendimento a crianças.

As investigações sobre Sophia começaram há cerca de um mês, como desdobramento de uma operação do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) que levou à prisão do falso médico anterior. Desde então, surgiram denúncias contra ela, que prestava atendimento a crianças com graves cardiopatias.

Em nota, o Hospital Universitário Getúlio Vargas informou que Sophia Livas nunca atuou como médica na unidade e não há registros de atendimentos feitos por ela. Segundo o hospital, ela foi aluna de mestrado na Universidade Federal do Amazonas como educadora física e, após concluir o curso, não mantém qualquer vínculo com a instituição.

O HUGV afirmou ainda que está à disposição da polícia para colaborar com as investigações.

Já o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) informou que, até o momento, não recebeu denúncia formal sobre a atuação de Sophia como falsa médica.

O órgão afirmou que, sempre que recebe indícios de exercício ilegal da medicina, repassa as informações às autoridades competentes. O Cremam também orienta que a população pode consultar a regularidade de médicos no site do Conselho Federal de Medicina.

A Justiça decretou a prisão preventiva de Sophia. Segundo a Polícia Civil, ela deve ser indiciada pelos seguintes crimes:

Falsa identidade

Falsidade ideológica

Exercício ilegal da medicina

Estelionato contra vulnerável

Falsidade material de atestado

Curandeirismo

Charlatanismo

Ela será encaminhada à audiência de custódia e ficará à disposição da Justiça para responder pelos delitos.

Sophia Livas de Morais Almeida

Reprodução

Sophia após suspostamente um plantão em uma unidade de saúde de Manaus

Reprodução/Redes Sociais

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