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Escritora de Jundiaí aposta em escrever histórias sobre protagonismo feminino em livros: 'Todas merecem ser representadas'


Ao g1, a jornalista e escritora Carina Reis conta sobre sua paixão pela literatura e pela valorização do protagonismo feminino. Carina Reis com o livro "Vivendo com o inimigo", na Bienal do Rio de Janeiro de 2025

Arquivo pessoal

Uma jornalista e escritora de Jundiaí (SP) vem se destacando na literatura independente e apostando em temas que falam sobre representatividade e questões sociais sem deixar de lado as histórias de amor. Por meio dos livros digitais, ela conseguiu conquistar um público fiel e divulgou na Bienal do Livro Rio 2025 sua 24ª obra, esgotando a fila de autógrafos na edição.

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Carina Reis, de 35 anos, já escreveu 24 obras. Ao g1, a autora contou como seu caminho se cruzou com a literatura ainda na infância e nunca mais se distanciou.

“Sempre gostei de contar histórias. Minha mãe me ensinou a ler e escrever muito cedo. Aos cinco anos, eu já escrevia cartas semanais para meus avós. A saga Harry Potter me marcou. Eu comecei a ler quando tinha 10 anos e me gerava ansiedade pelos lançamentos e o desejo de desvendar o 'mundo bruxo', apesar das críticas atuais à obra e autora", explicou.

Adulta, ela decidiu se formar em jornalismo e pôde unir a paixão pela escrita à vida acadêmica e profissional. A autora diz que, durante o período acadêmico, começou a pensar em temas que pudessem contribuir com a sociedade, principalmente com as mulheres. Foi aí que surgiu a ideia de escrever sua primeira comédia romântica.

“A publicação foi feita de maneira independente em um e-book, que rapidamente conquistou alguns leitores. Busquei abordar temas como gordofobia, violência doméstica, saúde mental e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)”, explica.

Gorda e protagonista

Foi pensando neste objetivo que Carina decidiu que seus livros deveriam romper estereótipos tradicionais que os romances têm. Por isso, o livro "Proibidos por Contrato" traz como protagonista uma mulher gorda, que é muito mais do que seu tipo físico, conforme a autora conta.

“Eu busco tratar o tema da gordofobia com naturalidade, mas sem ignorar as dificuldades que enfrentamos. Ter uma protagonista gorda que vive um romance divertido e emocionante é uma forma de mostrar que todas as mulheres merecem se ver representadas nas histórias de amor. E a protagonista de 'Proibidos por Contrato' traz também muita força, é uma figura segura de si, que quebra os preconceitos da sociedade.”, afirma.

Se aventurando entre gêneros

Mas se engana quem pensa que Carina decidiu ficar apenas no gênero de comédia romântica. Ela também quis explorar outros temas e literários. “Independentemente do subgênero, o 'DNA' dos meus livros é abordar temas relevantes com um toque de drama, sempre em uma narrativa que o leitor tenha prazer em acompanhar."

Entre suas referências, a autora cita o escritor e biólogo moçambicano Mia Couto. Os thrillers contemporâneos (histórias que buscam provocar sentimentos) são também um dos modelos que ela busca trazer em suas obras.

No entanto, ela ressalta que não se prende à uma fórmula pronta, mas busca sempre aprimorar sua escrita. “É como montar um quebra-cabeças que vai ganhando formas aos poucos. Tenho uma ideia inicial e um destino final, mas o caminho até lá é sempre uma surpresa.”

Carina Reis com alguns leitores na Bienal do Livro no Rio de Janeiro em 2025

Arquivo pessoal

Literatura independente e comunidade de leitores

Carina também vive uma experiência que muitos autores no Brasil têm adotado para conseguir lançar suas obras sem grandes custos financeiros com a publicação de livros digitais em sites de armazenamento.

Foi pensando nisso que ela criou uma comunidade chamada carinhosamente por ela de “Cariverso”, composta por leitores fiéis que acompanham cada lançamento, participam ativamente trocando mensagens e assistem seus conteúdos na internet. Para ela, esse contato com o público e os comentários que recebe - sejam positivos ou negativos - é essencial para continuar.

“Viver de escrita não é fácil. A gente precisa aprender tudo, desde o marketing, capa, título, tráfego pago. Mas também é gratificante demais quando você vê seus livros ganhando o mundo e ainda ajudando tantas a superarem o desafio”, comenta.

Boa parte da renda da escritora vem justamente das leituras em plataformas digitais. Mas, para ela, apesar da importância que o formato de livro digital tem em sua carreira, o livro físico sempre terá um "lugarzinho especial" no seu coração e também na estante dos leitores.

“O e-book é o que sustenta a gente financeiramente. Mas o livro físico tem um valor simbólico imenso É o item de coleção, a lembrança afetiva que os leitores guardam com carinho.”

Carina Reis duranta a sessão de autográfos na Bienal 2025

Arquivo pessoal

Bienais e reconhecimento

Para muitos escritores, poder ter um livro lançado durante uma bienal é a realização de um sonho. Carina já participou de três edições, a primeira no Rio de Janeiro em 2023, a segunda em São Paulo e, neste ano, esteve novamente no Rio de Janeiro, onde suas obras esgotaram durante as sessões de autógrafos, com o título “Vivendo com o Inimigo”.

A obra explora a ideia de que o que parece ser um erro ou uma escolha difícil pode, de fato, ser o caminho certo. A trama se concentra na relação conturbada entre Tristan e Éden, dois personagens com passados complicados, que se encontram em situações improváveis e, ao mesmo tempo, são atraídos por algo que ambos tentam resistir.

“O mais bonito é ver o carinho das leitoras ao pegarem o livro físico. Isso me emociona muito. É a materialização de algo que começou como uma ideia na pandemia e hoje toca tanta gente”, comemora.

*Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida

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