Estado registrou aumento nas queimadas entre 2014 e 2024, com destaque para áreas do Cerrado e da Mata Atlântica. Desmatamento e mudanças climáticas são apontados como principais causas. Levantamento mostra que Minas Gerais está entre os 10 estados mais atingidos pelo fogo nos último anos
Minas Gerais teve mais de 10 milhões de hectares queimados ao menos uma vez nos últimos 40 anos, segundo levantamento da ONG MapBiomas. O número representa cerca de 17% de todo o território mineiro.
As queimadas se intensificaram principalmente entre 2014 e 2023, mas 2024 também foi um dos anos mais críticos, com quase 471 mil hectares atingidos.
As áreas mais afetadas estão nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, predominantes no estado. As queimadas ocorreram, em sua maioria, em regiões de agropecuária e de formações savânicas, típicas do Cerrado.
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Segundo Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas, o avanço do desmatamento e as mudanças climáticas têm deixado a vegetação mais vulnerável ao fogo.
“Mesmo em anos não tão secos, a floresta já está mais suscetível. Quando temos secas severas, como em 2023 e 2024, o cenário se agrava ainda mais”, explica.
Um dos municípios mais afetados é Ouro Preto, na região Central do estado.
Impacto local e reflorestamento
Em Belo Horizonte, o Parque Municipal Ursula de Andrade Mello, no bairro Castelo, perdeu 60% da vegetação em dois incêndios nos últimos cinco anos. Após os danos, a administração iniciou um processo de reflorestamento.
Mais de 24 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e do Cerrado já foram plantadas, ajudando a recuperar a biodiversidade e proteger seis nascentes que deságuam na Lagoa da Pampulha.
A professora de biologia Fernanda Raggi, mestre em botânica, explicou que regiões de mata nativa passam por um processo de regeneração natural, e que esse processo demora atingir o nível que essa floresta tinha antes em relação ao equilíbrio ecológico.
"Para gente poder acelerar um pouco esse processo ecológico, natural, realmente era necessário fazer essa recomposição. Isso atrai a fauna pra cá. Eles acabam adensando essas relações e essa vegetação acaba ficando mais densa, mais numerosa. E consequentemente, o processo é mais acelerado pra gente ter o que a gente tinha antes aqui", afirmou Fernanda.
Propostas para endurecer punições
Atualmente, está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que aumenta a pena para quem provocar incêndios em áreas de vegetação. A proposta aumenta a prisão de quatro para seis anos, além de prever multas e outras sanções.
A deputada federal e professora Duda Salabert (PDT), autora de um dos projetos, afirma que a maior parte desses incêndios é causada por ação humana.
“Mais de 90% dos incêndios florestais no Brasil são causados por ação humana. Precisamos penalizar esses criminosos e combater o negacionismo climático”, defende.
Já o deputado Junio Amaral (PL), membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, afirmou que o foco deve estar na fiscalização.
“Temos uma legislação suficiente. O problema é a aplicação e a falta de estrutura dos órgãos fiscalizadores”, afirma.
Queimadas em Minas Gerais
Globo Repórter/ Reprodução
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