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Inovações na educação ambiental marcam o segundo dia do Fórum “Observai”


Organizações demonstram como envolver crianças e comunidades na regeneração urbana e no desenvolvimento sustentável. Apresentação do Projeto CoCriança no Fórum Observai

João Bertuzzo/TG

O segundo dia do Fórum de Educação Ambiental “Observai” no Avistar 2025 trouxe uma série de projetos inovadores que destacaram a importância de colocar a natureza no centro da educação ambiental. Organizações compartilharam suas experiências de como envolvem crianças e comunidades em iniciativas de regeneração urbana e desenvolvimento sustentável.

As apresentações mostraram práticas que estão transformando espaços urbanos, criando ambientes mais verdes e promovendo uma educação ambiental vivencial, além de projetos voltados para a conservação de espécies e o desenvolvimento sustentável.

Projeto CoCriança

O fórum teve seu início às 10h com uma palestra do Projeto CoCriança, apresentada pela arquiteta e vice-diretora da instituição Ayumy Pompeia. Durante sua apresentação, Ayumy explicou a metodologia do Percurso CoCriança, que une arquitetura e natureza para promover o desenvolvimento integral das crianças.

A proposta do projeto é transformar os ambientes escolares, criando espaços que favoreçam o brincar livre ao ar livre e integrados à natureza, proporcionando não apenas um ambiente mais saudável, mas também fortalecendo a consciência ambiental das crianças.

Ayumy também falou sobre o projeto "Verdejando Escolas", que tem como objetivo apoiar as instituições de ensino na ressignificação do seu ambiente físico e cultural, promovendo a conexão dos alunos com o meio ambiente e buscando melhorar o bem-estar infantil, promovendo atividades que estimulam a interação com a natureza e a saúde física e mental das crianças.

Projeto Formigas-de-embaúba

Na sequência, o fórum continuou com a palestra de Sheila Ceccon, cofundadora e diretora pedagógica do Projeto Formigas-de-embaúba, às 10h45. Sheila compartilhou com o público como o projeto promove a educação ambiental por meio do plantio de miniflorestas, uma prática que visa transformar espaços urbanos degradados, como pátios escolares, em oásis verdes.

Apresentação do Projeto Formigas-de-embaúba no Fórum Observai

João Bertuzzo/TG

O objetivo principal do projeto é criar ambientes mais saudáveis e sustentáveis, ao mesmo tempo em que sensibiliza a comunidade escolar para a urgência da regeneração ecológica nas cidades, reforçando a importância do acesso ao verde para as crianças, especialmente aquelas que vivem em áreas periféricas e vulneráveis, onde o contato com a natureza é limitado.

Sheila explicou como as miniflorestas não apenas contribuem para a melhoria do microclima e qualidade do ar, mas também se tornam espaços de aprendizagem ao ar livre, onde crianças e educadores podem desenvolver uma educação ambiental prática e vivencial.

“A Formigas-de-embaúba vem assumindo esse desafio de deixar a cidade mais verde, reduzir a temperatura, as ilhas de calor, e também ressignificar o relacionamento das pessoas com a natureza, com as florestas em especial”, diz Sheila.

Conexão com a natureza para saúde e bem-estar

Em seguida, às 11h30, Lis Leão, pesquisadora do Einstein e líder do Grupo de Pesquisa e-Natureza, apresentou a palestra com o tema “Conexão com a natureza para saúde e bem-estar”, esclarecendo a diferença entre contato e conexão com a natureza.

Lis destaca que, enquanto o contato pode ser um simples momento de interação com o ambiente natural, a conexão implica uma relação mais profunda e duradoura, essencial para o bem-estar emocional e físico das pessoas, especialmente das crianças.

Palestra ministrada por Lis Leão, pesquisadora do Instituto Albert Einstein, no Fórum Observai

João Bertuzzo/TG

Ela reforçou que a natureza não é apenas um espaço de lazer, mas uma ferramenta poderosa para melhorar a saúde mental e emocional, ressaltando a importância do exemplo dos adultos como mediadores para fortalecer essa conexão nas novas gerações.

A pesquisadora também discutiu os impactos negativos da desconexão com a natureza, um fenômeno crescente à medida que a urbanização avança e as pessoas se distanciam de seus ambientes naturais. Ela falou sobre como a vida nas grandes cidades têm afastado as pessoas da natureza, afetando diretamente sua saúde e qualidade de vida.

"Para a gente ter uma criança na natureza, a gente precisa de adultos conectados para que eles possam dar chance às crianças", afirmou Lis.

Projeto Educacional Saltinho Mais Verde

Um pouco mais tarde, às 13h30, Alexandre Resende, Wellington Viana e Vanessa Mussini deram sequência à programação com a palestra sobre os projetos Saltinho Mais Verde e ECOmergus, ambos promovidos pela BluestOne.

Durante a apresentação, Alexandre Resende iniciou discutindo os conceitos de ESG (Environmental, Social, and Governance) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, destacando como esses princípios orientam o trabalho da BluestOne em diversas iniciativas ambientais.

Apresentação da iniciativa Saltinho Mais Verde no Fórum Observai

João Bertuzzo/TG

Wellington Viana e Vanessa Mussini falaram sobre os projetos ECOmergus e Saltinho Mais Verde, respectivamente. O ECOmergus é dedicado às ações de conservação do Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) na Serra da Canastra com foco na proteção dessa espécie ameaçada de extinção e na preservação dos ecossistemas que ela habita.

Já o Saltinho Mais Verde busca conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental, promovendo ao mesmo tempo ações práticas de recuperação em áreas degradadas e nascentes. A iniciativa tem dois pilares fundamentais: educação ambiental nas escolas e ações diretas de plantio e conservação.

Durante a palestra, também foi anunciada a biotravessia rumo à COP30, uma parceria com o Terra da Gente, com o objetivo de sensibilizar e mobilizar ainda mais a sociedade sobre a urgência da ação climática e a necessidade de integrar ações locais com políticas globais de sustentabilidade.

A Fundação Cristalino e a Educação Ambiental

Logo em seguida, às 14h30, Lucas Araújo-Silva, Coordenador Geral de Projetos da Fundação Ecológica Cristalino (FEC), apresentou o programa “Escola da Amazônia”, uma iniciativa de educação ambiental criada em 2002 com o objetivo de despertar e fortalecer a admiração e o respeito pela floresta amazônica, especialmente entre crianças e jovens.

Ele apresentou os principais projetos da FEC voltados à infância, como “Um Dia na Floresta”, que leva crianças de 8 a 10 anos à Reserva Surucuá para uma vivência imersiva; “Histórias da Floresta”, voltado a crianças de 5 a 8 anos, que usa narrativas lúdicas para ensinar sobre a Amazônia; e “Brincando na Floresta”, que proporciona o primeiro contato com a floresta para crianças de 4 a 7 anos, de forma divertida e sensível.

A palestra reforçou como a experiência direta com o ambiente natural pode transformar o olhar das crianças e gerar vínculos duradouros com a floresta. Lucas finalizou destacando que a Amazônia não é apenas um tema distante, mas um compromisso coletivo, e que educar é também uma forma de conservar.

Ecoturismo e engajamento social

A palestra das 15h30 foi conduzida por Simone Mamede e Maristela Benites, do Instituto Mamede, uma microempresa liderada por mulheres do MS, que abordou o tema “Educação ambiental e engajamento social através da observação de aves”.

A apresentação destacou como a prática de passarinhar pode ir muito além do lazer, funcionando como uma poderosa ferramenta de transformação socioambiental e de fortalecimento comunitário, promovendo também o letramento ambiental de maneira acessível e participativa, conectando ciência e sociedade.

Palestra do Instituto Mamede no Fórum Observai

João Bertuzzo/TG

Finalizando, Simone e Maristela defenderam a observação de aves como uma ponte entre o conhecimento científico e os saberes populares, incentivando o envolvimento de diferentes públicos, a conservação ambiental e o fortalecimento da identidade latino-americana por meio da sociobiodiversidade.

“As aves representam um portal para a gente acessar outras dimensões do mundo natural, e a gente faz o convite a partir do Instituto Mamede para a gente conectar ciência, cultura, educação ambiental, ecoturismo e passarinhar”, afirma Maristela Benites.

O jovem também está na natureza

Por fim, às 16h30, o repórter do Terra da Gente, Paulo Augusto, mediou a roda de conversa “O Jovem também está na natureza”, com a participação dos jovens observadores de aves Augusto Potter e Lorena Patrício.

Durante o bate-papo, os dois compartilharam suas trajetórias na observação de aves, contando como o interesse pela natureza surgiu e foi ganhando força com o tempo. Ambos destacaram o papel fundamental da família nesse processo, oferecendo incentivo, apoio logístico e emocional para que pudessem explorar a biodiversidade ao seu redor.

Roda de conversa discutiu a presença do jovem na conservação da natureza

João Bertuzzo/TG

Ambos reforçaram que o jovem também tem lugar na conservação e na ciência, e que a observação de aves é uma ferramenta poderosa para despertar consciência ecológica, promover encontros com a natureza e, ao mesmo tempo, construir redes de apoio entre pessoas de todas as idades. Logo após a roda, o Fórum teve seu encerramento às 17h30.

O Fórum reabre amanhã (18/07), às 10h da manhã. Clique aqui para conferir a programação completa.

Fórum Observai

Participe do Fórum Observai de Educação Ambiental, Avistar-Terra da Gente. Faça sua inscrição no site avistarbrasil.com.br. O Avistar é gratuito, mas o acesso ao Jardim Botânico (local do encontro) requer ingresso. Clique aqui para acessar o site do evento e adquirir seu ingresso.

*Texto sob supervisão de Lizzy Martins

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