Jornalista ituano João Paulo Saconi lança livro que conta histórias reais sobre violências contra jornalistas no Brasil
Bruno Mendonça
A violência contra jornalistas no Brasil é o tema do livro "Vocês da Imprensa", escrito por João Paulo Saconi, de Itu (SP). Na obra, o jornalista relata experiências pessoais e de colegas, incluindo episódios de perseguição e violência durante o exercício da profissão.
Ao g1, João Paulo contou que busca trazer uma análise sobre as vivências da profissão no país. A ideia, segundo ele, surgiu a partir de uma dissertação acadêmica feita por ele, vencedora do Prêmio Intercom 2024, que investiga a violência contra jornalistas no Brasil, com foco no período de 2013 a 2023.
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A dissertação foi baseada em dados da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e analisa episódios vividos por profissionais da imprensa.
Na obra, o autor traz relatos de outros seis colegas jornalistas que sofreram ataques durante o exercício da profissão. Ao longo de oito capítulos, João Paulo relaciona estes casos ao contexto político e social, refletindo sobre os impactos da violência na prática jornalística e na liberdade de imprensa. Além disso, cita a história de Santiago Andrade, cinegrafista morto em 2013.
"O livro é um retrato das experiências que outros colegas passaram, em cenários de hostilidade, de muito ódio, principalmente surgente das redes sociais, além das dificuldades de trabalhar. Quando a gente precisa fazer a missão do jornalismo acontecer, que é apurar notícias, escrever e publicar, precisamos nos sentir segurod, mas o que acontece na prática não é isso", comenta.
Jornalista e pesquisador João Paulo Saconi
Bruno Mendonça
Um dos relatos presentes em "Vocês da Imprensa" é o do próprio João Paulo. O jornalista contou ao g1 que, há seis anos, sofreu um episódio de violência e perseguição durante a produção de uma reportagem sobre política.
"Fiz uma reportagem sobre um grupo político e sofri ameaças e perseguições. Desde então, eu vivo lidando com a repercussão disso. Eu tive que sair da minha casa, troquei de função, comecei a usar roupas que me disfarçassem um pouco, sempre tomando cuidado para não ser reconhecido", lembra.
Depois disso, João conta que começou a perceber cada vez mais situações parecidas vividas por outros jornalistas. "Eu entendi que o que eu passei não era algo exclusivo meu, mas que outros também passavam pela mesma situação", diz.
"As redes sociais, que são um campo de batalha, são também um local nosso de trabalho, pois estamos ali, levando a notícia para as pessoas, o que é o nosso papel. Temos que estar ali mas, ao mesmo tempo, acaba sendo um lugar perigoso pela falta de diálogo entre as pessoas", afirma.
O jornalista também traz uma reflexão no livro sobre a hostilidade direcionada aos profissionais de imprensa no Brasil, e como isso têm impactado no exercício do jornalismo.
"A hostilidade impacta a maneira como nós, jornalistas, pensamos as pautas e participamos de coberturas, assim como os cuidados que precisamos ter com redes sociais".
Ao g1, João explicou que o título do livro faz referência a uma frase frequentemente ouvida por ele e por colegas. "É uma frase que nós jornalistas ouvimos nas entrevistas, nas redes sociais e nas conversas cotidianas. ‘Vocês da imprensa’, como se a gente fosse um grupo à parte. Isso reflete como a hostilidade impacta a maneira como nós, jornalistas, pensamos as pautas e participamos das coberturas", conta.
"Vocês da Imprensa" será lançado no dia 29 de julho, às 19h, no Rio de Janeiro. Mas já está disponível para compra online.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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