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Julia Mestre alinha referências com coesão em álbum que celebra a disco music e o pop da década de 1980


O melhor título da discografia solo da cantora da banda Bala Desejo ecoa Rita Lee, tem fala de Marina Lima e exala sensualidade romântica na pista. Julia Mestre lança o terceiro álbum solo, ‘Maravilhosamente bem’, com 11 faixas e repertório essencialmente inédito e autoral

Gabriel Galvani / Divulgação

♫ OPINIÃO SOBRE DISCO

Título: Maravilhosamente bem

Artista: Julia Mestre

Cotação: ★ ★ ★ 1/2

♬ Há no terceiro álbum solo de Julia Mestre – Maravilhosamente bem, no mundo digital a partir de hoje, 8 de maio – as mesmas referências que pautaram os antecessores Arrepiada (2023) e Geminis (2019). Só que, enquanto essas influências ficaram dispersas em Arrepiada, disco embaçado pela falta de unidade, elas soam harmonizadas no terceiro álbum solo da cantora e compositora carioca, integrante da banda Bala Desejo.

Julia Mestre alinha com coesão as boas referências da artista – sobretudo a obra mais pop de Rita Lee (1947 – 2023) – ao longo das 11 faixas de Maravilhosamente bem, álbum em que a artista celebra o pop sintetizado da década de 1980, com ênfase na disco music.

Basta ouvir a introdução da música-título Maravilhosamente bem (Julia Mestre) para perceber que a artista se joga na pista em que já se esbaldaram divas como Donna Summer (1948 – 2012) e a própria Rita Lee, cujo pop feito com Roberto de Carvalho ecoa especialmente forte em Sou fera (Julia Mestre) – faixa que anunciou o álbum em single editado em 30 de janeiro – e no arranjo da balada Pra lua (Julia Mestre, Gabriel Quinto, Gabriel Quirino e João Moreira), faixa que exala sensualidade.

Essa sensualidade também está entranhada em Vampira (Rey Reyes, 1992), música em espanhol escolhida para ser a segunda amostra do álbum em single lançado em 3 de abril. Composição de autoria do porto-riquenho Rey Reyes (1970 – 2021), cantor que integrou o grupo Menudos, Vampira é a única música fora do trilho autoral seguido por Julia Mestre no álbum Maravilhosamente bem, ressurgindo em versão mais introspectiva do que a do autor.

Da própria lavra, a cantora também regrava Sentimento blues (2021), parceria da artista com Danilo Cutrim e Jean Charnaux, integrantes do duo daBossa. Julia refina Sentimento blues em registro mais sedutor do que a gravação original, com direito a cordas orquestradas por Alexandre Queiroz.

A unidade do álbum Maravilhosamente bem é resultado da azeitada produção musical orquestrada pela própria Julia Mestre com Gabriel Quinto (guitarras e violões), Gabriel Quirino (piano elétrico e sintetizadores) e João Moreira (baixo).

O quarteto consegue que o repertório tenha liga. Na costura desse repertório, o efeito dançante do pop disco Veneno da serpente (Julia Mestre e Gabriel Quinto) se afina com o interlúdio vocalizado Canto da sereia (Julia Mestre e Gabriel Quinto).

Em essência, as faixas de pista se harmonizam e por vezes até se ambientam na atmosfera íntima que regula músicas como a balada Seu romance, parceria de Julia Mestre com Tom Veloso antecedida no álbum por Interlúdio dos amantes (Julia Mestre, Gabriel Quinto e Alexandre Queiroz), vinheta orquestral de 45 segundos.

Dentro do mosaico de referências oitentistas, faz todo sentido a aparição de Marina Lima como convidada de Marinou, Limou, faixa que embute falas dessa artista referencial que falava de sexo com naturalidade nos anos 1980. Creditada como uma das autoras da música, assinada em parceria com Julia e Gabriel Quinto, Marina Lima soa à vontade na pista de Julia Mestre por ser uma das mais completas traduções do pop feito nos anos 1980 com feminilidade sensual – e essa é a matéria-prima de Maravilhosamente bem.

No arremate do disco, Cariñito (Julia Mestre) corrobora a atmosfera de sensualidade romântica que envolve o terceiro e melhor álbum solo de Julia Mestre.

Capa do álbum ‘Maravilhosamente bem’, de Julia Mestre

Gabriel Galvani

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