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Mãe de comerciante morto enquadra folha em formato de coração achada pelo neto: 'Meu pai mandou do céu'


Théo Peretto, filho de cinco anos de Igor Peretto, encontrou a folha na rua e disse para a avó que o pai a havia mandado do céu. A esposa, a irmã e o sócio da vítima foram presos por envolvimento no assassinato. Mãe de Igor Peretto enquadrou fotos do filho e do neto junto com folha em 'formato' de coração

Redes sociais e Arquivo pessoal

O filho de cinco anos de Igor Peretto, o comerciante morto a facadas após descobrir uma traição em Praia Grande, no litoral de São Paulo, emocionou a avó após encontrar uma folha em "formato de coração" na rua e dizer que o pai a havia "mandado do céu".

Ao g1, Rosemary Ronconi disse ter enquadrado a folha junto com fotos do neto e do filho. "Não pode ser esquecido", desabafou ela.

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Igor Peretto, de 27 anos, foi morto no dia 31 de agosto de 2024 no apartamento da irmã na cidade. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o crime foi premeditado por Rafaela Costa (viúva), Marcelly Peretto (irmã) e Mario Vitorino (cunhado e sócio). Os três estão presos.

Igor teve dois filhos: Henry, de oito anos, de um relacionamento anterior, e Théo, de 5, com Rafaela. Segundo a avó, o caçula encontrou a folha em 'formato de coração' no bairro Boqueirão, também em Praia Grande, quando ela estacionou o carro para levá-lo à psicóloga.

"Quando eu passei pela árvore, ele pegou e me puxou, voltou e abaixou. E pegou essa folha em forma de coração. É uma coisa muito impressionante, porque ele abaixou e fez: 'Olha, vó! Olha, o meu pai deixou aqui'", recordou. "Meu pai mandou lá do céu", disse o garoto, segundo a avó.

Seguidora fez quadro com imagens de Théo e Igor gratuitamente

Arquivo pessoal

Para eternizar a memória, Rosemary falou com Débora, esposa do tio do menino, e juntas mandaram a folha ser enquadrada com as fotos.

"Foi a nossa ideia de colocar, fazer um quadro de coração, uns dizeres que a gente colocou, as fotos do pai com ele da última festinha dele de cinco anos [...] Coloquei no quartinho dele, ainda ganhou um chaveirinho também”, afirmou.

Mãe de comerciante morto diz que filho sofreu 'traição tripla' de pessoas que amava

'Não pode ser esquecido'

Rosemary disse que pretende contar a história da folha para o neto do futuro. O objetivo dela é manter viva a lembrança de Igor Peretto.

"A própria psicóloga fala para a gente sempre estar falando do Igor para ele, porque ele foi um pai muito presente, um pai muito amoroso. Então, ele não pode ser esquecido", finalizou.

Mãe de Igor Peretto diz que filho sofreu 'traição tripla'

Arquivo Pessoal e Reprodução/Redes Sociais

Audiência

Trio acusado de envolvimento na morte de Igor Peretto chega a fórum para audiência

Rafaela Costa, Marcelly Peretto e Mario Vitorino, os três acusados de envolvimento na morte do comerciante Igor Peretto, participaram de uma audiência de instrução no Fórum de Praia Grande no dia 20 de março.

O g1 apurou que, por conta da quantidade de testemunhas a serem ouvidas, o juiz determinou um novo encontro para o próximo dia 7 de maio.

Conforme apurado pelo g1, na audiência as partes apresentarão provas e argumentos para o andamento do processo. Em seguida, o juiz deve determinar a sentença de pronúncia ou impronúncia, dizendo se os réus vão a júri ou não, após ouvir as testemunhas.

Caso o magistrado determine a sentença de pronúncia, os réus serão submetidos ao julgamento por júri popular. No entanto, também há a possibilidade de impronúncia, caso o juiz rejeite a acusação do crime por falta de provas suficientes, por exemplo.

Expectativa dos advogados

Mario Vitorino, Marcelly Peretto e Rafaela Costa foram presos por envolvimento na morte de Igor Peretto

Polícia Civil

O advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, afirmou que está confiante que a verdade prevaleça. "Eis que a sua prisão se mostra injustificada e as 'verdades' trazias por pseudo blogueiros e influencers não condiz com as provas dos autos, enganando a população e incitando-os contra a minha cliente", disse.

Marcelo Cruz, representante de Rafaela, alegou que tem muito a esclarecer na ação penal. "Testemunhas serão ouvidas e será a primeira oportunidade para construção das provas dentro do chamado contraditório. Nessa fase, acusação e defesa, tem oportunidade de produzir provas", afirmou.

O g1 procurou o advogado Mario Badures, que representa Mario, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Por fim, o assistente de acusação Felipe Pires de Campos disse acreditar que "tudo irá transcorrer da melhor forma possível, confiando o que desde a investigação já vinha se demonstrando e, ao final, todos sejam pronunciados".

Triângulo amoroso

Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)

Redes Sociais

O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um "empecilho no triângulo amoroso" entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como "chocante e violento".

A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. "Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir", complementou.

Vantagem financeira

Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande

Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1

De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria "vantagem financeira" aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.

O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.

O MP considerou a ação do trio contra Igor um "plano mortal". O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.

O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.

Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.

Sobre o crime

Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte

Reprodução

O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.

De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.

Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.

Prisões

Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto

Reprodução e Redes sociais

As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.

O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.

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