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Moraes diz que Bolsonaro condicionou fim do tarifaço à anistia: 'Ousadia criminosa parece não ter limites'


Bolsonaro na PF para colocar tornozeleira eletrônica

Adriano Machado/Reuters

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve “ousadia criminosa” ao, segundo Moraes, condicionar o fim das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil à sua própria anistia.

A declaração consta da decisão que impôs medidas cautelares a Bolsonaro nesta sexta-feira (18), como o uso de tornozeleira eletrônica e restrição de horários para sair de casa.

"A ousadia criminosa parece não ter limites, com as diversas postagens em redes sociais e declarações na imprensa atentatórias à soberania nacional e à independência do Poder Judiciário", diz o ministro do STF.

Na decisão, Moraes afirma que Bolsonaro confessou de forma “consciente e voluntária” uma tentativa de extorsão contra o Judiciário:

"A conduta do réu JAIR MESSIAS BOLSONARO [...] é tão grave e despudorada que, nesta quinta-feira (17), em entrevista coletiva, sem qualquer respeito à Soberania Nacional do Povo brasileiro, à Constituição Federal e à independência do Poder Judiciário, expressamente, confessou sua atuação criminosa [...] condicionando o fim da ‘taxação/sanção’ à sua própria anistia", disse o ministro.

O ministro também citou publicações feitas pelo ex-presidente em redes sociais como "atentatórias à soberania nacional" — entre elas, um vídeo postado no X com declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa de Bolsonaro. A publicação foi feita em 11 de julho.

Operação e medidas contra Bolsonaro

Bolsonaro sobre tornozeleira: "Suprema Humlhação"

Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Por decisão de Moraes, o ex-presidente está sujeito às seguintes medidas cautelares:

uso de tornozeleira eletrônica;

recolhimento domiciliar entre 19h e 6h, inclusive aos fins de semana;

proibição de usar redes sociais;

proibição de manter contato com outros réus ou investigados;

proibição de se comunicar com diplomatas estrangeiros.

Crimes investigados

Segundo o STF, Bolsonaro é investigado por:

coação no curso do processo;

obstrução de investigação de organização criminosa;

atentado à soberania nacional.

A investigação apura se Bolsonaro tentou usar o apoio de Donald Trump e o tarifaço de 50% imposto pelos EUA como forma de pressionar a Justiça brasileira por sua anistia.

Na operação desta sexta, a PF encontrou:

US$ 14 mil em espécie, com recibo do Banco do Brasil;

R$ 8 mil em espécie;

um pendrive escondido no banheiro da casa do ex-presidente.

O conteúdo será analisado pela Polícia Federal.

Defesa e reação

Bolsonaro : Nunca pensei em sair do Brasil

A defesa de Bolsonaro afirmou que recebeu as medidas “com surpresa e indignação” e que ele “sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário”. Disse ainda que vai se manifestar após ter acesso completo à decisão.

Em entrevista coletiva, Bolsonaro afirmou que "nunca pensou em sair do Brasil ou ir para uma embaixada" e classificou a investigação como “política”.

No vídeo postado em suas redes, Bolsonaro compartilhou uma declaração de Trump em que o republicano justifica a taxação contra o Brasil como resposta ao que chamou de “perseguição política” contra Bolsonaro no STF.

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