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Morte de jovem na garupa reacende debate sobre segurança do transporte em motocicletas


A morte de Larissa Torres foi a primeira registrada desde que o serviço de transporte por motocicleta via aplicativo passou a ser oferecido em São Paulo. O caso ocorre em meio a um impasse entre as empresas que operam esse tipo de serviço e a prefeitura, que busca proibir a atividade. Morte de jovem na garupa reacende debate sobre segurança do transporte em motocicletas

Jornal Nacional/Reprodução

Na maior cidade do Brasil, a morte de uma jovem de 22 anos, que estava na garupa de um mototaxista, reativou uma discussão que foi parar nos tribunais. A falta de segurança dos passageiros tem sido o ponto central desse debate.

Um luto inconformado. Esse era o sentimento da família e dos amigos, no enterro de Larissa Barros Máximo Torres.

"Acabaram com a vida de uma menina de 22 anos, cheia de planos, cheia de sonhos, que se ocupava, que gostava de viver e tinha uma meta na vida", comenta Carlos Alberto Torres, tio de Larissa.

Larissa era formada em marketing e cursava engenharia de produção. Para pagar a faculdade, trabalhava como supervisora comercial. No sábado à noite, ela foi a homenageada em uma festa da empresa.

"Ela foi buscar um prêmio para ela de melhor funcionária, de uma pessoa maravilhosa, de uma menina de 22 anos", diz Ymaraim Regina Raimundo, prima de Larissa.

Pouco antes das 23h, Larissa chamou uma moto por aplicativo para voltar para casa. Ela morava em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Mas, oito minutos antes do fim da corrida, a moto foi atingida pela porta de um carro parado no semáforo de uma avenida movimentada.

O motorista disse que um dos passageiros abriu a porta de brincadeira. Larissa e o piloto da moto foram arremessados. A passageira não sobreviveu.

A morte de Larissa Torres foi a primeira desde que o transporte de moto por aplicativo começou a ser oferecido na cidade de São Paulo. E desde que começou uma queda de braço entre as empresas que exploram esse serviço e a prefeitura, que quer proibir.

Um decreto municipal proíbe o serviço desde 2023. A prefeitura argumenta que as motocicletas estão entre as mais envolvidas em acidentes com mortes. Mas, em janeiro de 2025, uma empresa de aplicativo alegou que a atividade tem respaldo na legislação federal – e começou a oferecer a modalidade.

Uma semana depois, a Justiça também proibiu a circulação das motos por aplicativo. Mesmo assim, o serviço continuou. No dia 16 deste mês, a Justiça suspendeu novamente o serviço e recomendou que a prefeitura faça a regulamentação em três meses. Mas os aplicativos não pararam de aceitar viagens.

Nesta segunda-feira (26), depois da morte de Larissa, a Justiça reforçou a proibição e estipulou multa de R$ 30 mil por dia para o caso de descumprimento da ordem.

O engenheiro e mestre em Transportes pela USP, Sérgio Ejzenberg, diz que o serviço de transporte de passageiros por motos já existe há muitos anos, principalmente nos bairros mais afastados. Ele disse que é preciso regulamentar o serviço para dar mais segurança aos passageiros.

"O serviço de moto por passageiro por aplicativo tem, sim, que ser regulamentado. Se ele fosse regulamentado, este acidente não teria ocorrido. Porque regulamentando o sistema, você pode dizer aonde ele pode ocorrer. Se você regulamentar, você vai ter moto licenciada, moto com inspeção de segurança. Você pode ter o motociclista treinado e habilitado, e pode ter pagamento de imposto e seguro", comenta Sérgio Ejzenberg – engenheiro civil e mestre em Engenharia de Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Em note, a 99 diz que o condutor da moto ficou ferido, foi hospitalizado, e liberado. Que se solidariza com a família da Larissa e ofereceu suporte aos envolvidos no acidente.

A Secretaria de Segurança Pública informou que o condutor da moto foi identificado, vai ser ouvido, de que procura imagens de câmeras de segurança para identificar possíveis testemunhas do acidente. E disse ainda que abriu um inquérito para apurar possível crime de desobediência pelas empresas de transportes de passageiros por aplicativo.

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