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Número de professores cai na rede estadual de ensino em Campinas; queda é maior do 6º ao 9º ano


Quantidade de docentes diminuiu de 6.017 em 2023 para 5.962 em 2024, segundo Censo Escolar 2024. Para coordenadora da Apeoesp, desvalorização da profissão pode explicar redução. Número de professores no ensino fundamental da rede estadual de Campinas diminui 6,4%

A quantidade de professores na rede estadual de educação em Campinas (SP) diminuiu, de 6.017 em 2023 para 5.962 em 2024, segundo dados do Censo Escolar 2024. A queda foi maior entre os professores que lecionam nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano. Confira abaixo.

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Por conta da falta de docentes, mães reclamam que os filhos chegam a ficar sem aula e enfrentam dificuldade no aprendizado. Para a coordenadora do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) em Campinas, número de docentes é menor por conta da desvalorização da profissão.

Queda nos números

O Censo mostra que houve diminuição no número de professores na rede estadual de ensino em Campinas, de 6.017 em 2023 para 5.962 em 2024. A queda é de 0.9%.

Quando comparamos os números por etapa de ensino, há um aumento no número de docentes no Ensino Médio, mas a quantidade de professores teve redução em todo o Ensino Fundamental.

A pior queda aconteceu nos anos finais do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano. Em 2023 eram 2.180 docentes, enquanto em 2024 eram 2.047, o que representa redução de 6.1%.

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Impactos

Em entrevista à EPTV, afiliada TV Globo, A Dayane de Souza conta que o filho já se queixou de ficar sem aula de Educação Física duas vezes em 2025. O motivo foi a falta de professores.

"É complicado porque eles ficam na expectativa de ter aquela aula. Ele vem adaptado com short, tênis e acaba não tendo. Ele fica meio frustrado, porque ele reclama em casa", relata.

Os filhos de Nathalia Soares estudam na mesma escola no Jardim Yeda, em Campinas. Ela diz que a aposentadoria de uma professora antes do fim do semestre bagunçou o esquema de aulas. Segundo ela, a professora da filha, que está no 1º ano, agora também dá aula para o filho que está no 4º ano.

"Por causa da questão do aprendizado deles, que prejudica muito. Sobre a questão da leitura, inclusive a minha filha, o ano passado, ela tirou 5 nas matérias. Passaram de ano sem saber ler. Está essa bagunça. E elas falam que quer tirar a licença, que vai se aposentar. Então é isso que está tendo", reclama.

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O ex-professor de química Lucas Mariano parou de lecionar em 2023, após doze anos como docente concursado. Ele chegou a escrever um livro sobre os traumas vivenciados em uma escola estadual na metrópole.

"Era assédio moral, era falta de respeito. O último ano foram inúmeras vezes que a polícia teve que ser chamada na escola, de tudo. Eu fui até ameaçado de morte no último ano. A gente não tem apoio de nada. Agora, então, nesses últimos anos de governo do estado de São Paulo, tudo recai sobre o professor. Tudo que dá errado com o aluno é culpa do professor. O aluno não aprende, culpa do professor. Se ele não se interessa, a culpa é sua. Tudo é culpa do professor. A saúde mental dos professores está indo por água abaixo. As pessoas não têm ideia que o professor passa em sala de aula", afirma.

Ele afirma que são necessárias medidas para que a rede pública se recupere da escassez de professores.

"Primeiro, voltar a reprovação dos alunos. O aluno não pode passar sem saber nada. Eu acho que tem que dar um salário digno aos professores. Tem que voltar a aposentadoria máxima, lá de no máximo 25 anos. O professor não aguenta mais que isso em sala de aula. É impossível", desabafa Lucas.

Segundo Solange Pozzuto, coordenadora da Apeoesp em Campinas, a redução na quantidade de professores na rede estadual de ensino está ligada à desvalorização da profissão.

"Ultimamente, a gente não tem a valorização profissional e nem social. A gente tem baixos salários, sem reajuste, muito assédio moral. Muitas pessoas estão saindo da educação, principalmente da rede estadual, e procurando outra profissão. Nas licenciaturas, a gente já teve uma redução. Na pedagogia, em alguns anos, a gente vai ter uma crise para encontrar professores e professoras", avalia.

Menina escrevendo em ambiente escolar, sem identificação.

Reprodução EPTV

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