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Rio Araguari, 'point' de surfe, volta a ter pororoca 11 anos depois


Fenômeno havia sido extinto em 2014. Segundo especialistas, construção de hidrelétricas e canais para criação de búfalos provocou o assoreamento do rio. Rio Araguari volta a registrar pororoca após 11 anos, no Amapá

Após 11 anos sem a pororoca, o rio Araguari, no Leste do Amapá, voltou a registrar o fenômeno natural neste mês de abril. Imagens divulgadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) mostram a onda percorrendo parte da nova foz – a antiga desapareceu por problemas de assoreamento.

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Nas imagens, um agente ambiental do instituto pilota uma voadeira perto da onda. Impressionados com o tamanho e a força da pororoca, os ocupantes da pequena embarcação acompanham o fenômeno, que vai de uma margem à outra do rio.

Ao longo de anos, a pororoca atraiu surfistas de todo o mundo. Para especialistas, o assoreamento irreversível em 2014 foi causado pela construção de hidrelétricas no rio e de canais que foram abertos para a criação de gado bubalino na região.

Pororoca no rio Araguari deixou de existir em 2014

Stanley Gomes/Arquivo Pessoal

Búfalos próximos a erosão no Rio Araguari, em 2025

Rafael Aleixo/g1

O novo caminho da pororoca agora entra pelo canal do Uricurituba – que se fundiu com o Araguari, como explica Patrícia Pinha, chefe da Reserva Biológica do Lago Piratuba, localizada na margem esquerda do Araguari.

“Com essas modificações, o rio perdeu uma considerável vazão no sentido da sua foz. E boa parte da vazão que ia no sentido do oceano Atlântico começou a ser desviada por esse canal, através dessa conexão, até o Bailique. E é exatamente por isso que o Bailique tem sofrido com um processo erosivo muito expressivo, muito grande, por conta dessa transposição que aconteceu entre bacias hidrográficas distintas”, disse Pinha.

O Araguari era a principal base hidrográfica do Amapá e deixou de desaguar no oceano. Assim, segundo o ICMBio, ele deixou de ser um rio de primeira ordem e passou a ser um afluente do rio Amazonas.

“E a partir dessa conexão do Araguari com o Amazonas até o Bailique, a maré começou a entrar no rio Araguari não mais pelo oceano, mas sim por esse canal, pelo Uricurituba. E a maré passou a correr nos dois sentidos, tanto no sentido do oceano quanto subindo o rio no sentido de Cutias”, descreveu a chefe da unidade de conservação.

Casa atingida por erosão foi abandonada às margens do Rio Araguari, no Amapá

Rafael Aleixo/g1

Área onde corria o rio Araguari deu lugar a área seca

Reprodução/Rede Amazônica

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