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Sindicato dos servidores do IBGE repudia mapa-múndi invertido com Brasil no centro lançado pelo instituto: 'em vez de informar, distorce'


Comunicado diz que mapa não teve respaldo técnico reconhecido pelas convenções cartográficas internacionais. Presidente do IBGE afirmou que mapa-múndi invertido "estimula a reflexão sobre como nos vemos nesse novo mundo". Mapa-múndi com Brasil no centro

IBGE

O sindicato dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou um manifesto em que repudia o mapa-múndi invertido, com o Brasil no centro, lançado nesta quinta-feira (8) pelo instituto. O comunicado afirma que a iniciativa "em vez de informar, distorce".

"Trata-se de uma iniciativa que, em vez de informar, distorce; em vez de representar a realidade com rigor, cria uma encenação simbólica que compromete a credibilidade construída pelo IBGE ao longo de décadas de trabalho sério, imparcial e respeitado globalmente", diz o comunicado da Coordenação do Núcleo Sindical Chile - ASSIBGE/SN que representa os trabalhadores da base do Complexo Chile/Horto do IBGE.

A mensagem ainda diz que o mapa não teve respaldo técnico reconhecido pelas convenções cartográficas internacionais e que "o se vende como símbolo de autoestima nacional esconde um paradoxo desconfortável", pois o Brasil "ainda enfrenta graves mazelas sociais: desigualdade estrutural, carências educacionais, insegurança, informalidade, perda de competitividade".

"Não se combate a realidade com ilusões gráficas. Colocar o Brasil no centro do mapa não resolve nada — e pode, inclusive, enfraquecer a seriedade de um projeto nacional que justamente busca enfrentar, e não ocultar, os desafios que temos pela frente."

Lançamento polêmico

No lançamento do mapa-múndi, o IBGE disse que o mapa destaca os países que integram os Brics, o Mercosul, as nações de língua portuguesa e o bioma amazônico.

"A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como o Brics e o Mercosul e na realização da COP 30 no ano de 2025", afirmou o presidente do instituto, Marcio Pochmann, em uma rede social.

Pochmann também declarou que o mapa-múndi invertido "estimula a reflexão sobre como nos vemos nesse novo mundo em que as transformações ocorrem mais rapidamente e exigem um protagonismo brasileiro ainda maior".

Pochmann está no centro de uma crise dentro do IBGE, órgão responsável por indicadores econômicos como o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação oficial.

Em janeiro, mais de 600 servidores assinaram uma carta aberta acusando o presidente do instituto de autoritarismo. Técnicos temem a perda de credibilidade do órgão.

Na época, Pochmann afirmou que os servidores que o criticam estariam mentindo. A fala agravou ainda mais a tensão interna.

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