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Veja o que se sabe sobre estudante de medicina da Ufac que fez publicações ofensivas contra acreanos


Ministério Público do Acre (MP-AC) solicitou, na última quinta-feira (10), a abertura de um inquérito policial para apurar os comentários feitos pela estudante Assúria Mesquita, de 20 anos, nas redes sociais. Caso repercutiu e ela, que é filha do secretário Assurbanípal Mesquita, publicou nota de retratação. MP-AC pede que Assúria Mesquita, filha do secretário Assurbanípal Mesquita, seja investigada por possível xenofobia

Reproduçã/Instagram e X

Após a repercussão das postagens escritas pela estudante de medicina Assúria Nascimento de Mesquita, de 20 anos, na rede social X (antigo Twitter), onde ela faz comentários preconceituosos contra os acreanos, a Universidade Federal do Acre (Ufac) disse que irá acompanhar os desdobramentos do caso para avaliar as medidas cabíveis no âmbito acadêmico.

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O caso veio à tona após a estudante se referir aos acreanos como "povo seboso". Ela é acreana, filha do secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre (Seict), Assurbanípal Mesquita e cursa medicina desde 2022.

Uma onda de represália ao comportamento dela fez com que a estudante emitisse uma nota de retratação na noite de quarta-feira (9), reconhecendo que se expressou "de forma profundamente imatura e desrespeitosa".

Veja em quatro tópicos, nesta reportagem, o que se sabe e o que ainda falta esclarecer:

Quem é a estudante

Quais foram as falas ditas por ela

Qual foi o posicionamento dela após a repercussão

O que diz os órgãos e entidades da medicina no Acre

Assúria Mesquita causou polêmica nas redes sociais ao se referir aos acreanos como 'povo seboso'

Reprodução/Instagram

Quem é a estudante alvo das críticas?

Assúria Nascimento de Mesquita tem 20 anos, entrou no curso de medicina da Ufac na 2ª edição do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) em 2022, utilizando o bônus regional para estudantes que cursaram o ensino médio em instituições acreanas.

O pai se manifestou nas redes sociais em apoio à filha, mesmo que condenando as falas.

Ela também é membro da Atlética Sinistra, uma entidade representativa dos alunos do curso. O g1 entrou em contato para saber qual cargo ela exercia, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Quais foram as falas ditas por ela?

As falas que causaram polêmica na última quarta-feira (9) entre os usuários do X (antigo 'Twitter') se referia aos acreanos como 'povo seboso', além de comparar o estado com uma 'roça' e dizer que a melhor característica do namorado dela era não ser acreano. Ela desativou a conta após isso. (Veja imagens abaixo)

Por conta disto e da repercussão, o Ministério Público Estadual (MP-AC) instaurou uma notícia de fato criminal e requisitou a abertura de inquérito policial para apurar possível crime de xenofobia praticado pela estudante.

As declarações geraram revolta entre os usuários da rede social, que mencionaram o teor preconceituoso das publicações.

Postagens de estudante de medicina da Ufac causaram revolta nas redes sociais nessa quarta-feira (9)

Reprodução/X

Publicações foram feitas nesta semana pela estudante de medicina da Ufac

Reprodução/X

O que ela disse após a repercussão?

Ainda na noite de quarta (9), Assúria publicou, nas redes sociais, uma nota de retratação acerca das publicações, onde diz que está "profundamente arrependida". O g1 também entrou em contato com a estudante e ainda não obteve retorno.

"Sou profundamente grata por ser acreana e tudo o que consegui até o momento foi com apoio de minha família e de amigos que também são acreanos. Não transfiro a ninguém a responsabilidade do dano que causei a mim e a terceiros e assumo o compromisso de buscar escuta, aprendizado e a corrigir minha atitude equivocada. As palavras têm poder, e eu falhei no uso desse poder", falou.

O pai de Assúria, o secretário Assurbanípal Mesquita, também se posicionou e disse que a família não compactua com as atitudes e que fizeram uma avaliação sobre a situação.

"É fundamental reconhecer o impacto das palavras e ações, e, neste momento, é nosso dever ouvir, aprender e evoluir. Estamos todos em um processo constante de formação e conscientização. A empatia, o respeito e a responsabilidade são pilares fundamentais que devemos cultivar em nossas relações e na nossa sociedade. Essa é a educação que repassamos à nossa filha", frisou.

Assúria Mesquita é filha do secretário da Seict, Assurbanípal Mesquita, e causou polêmica nas redes sociais ao se referir aos acreanos como 'povo tão seboso'

Reprodução/Instagram e X

Quais órgãos/entidades se posicionaram?

A Universidade Federal do Acre (Ufac), onde Assúria estuda, publicou uma nota de repúdio dizendo que nessa quinta-feira (10), a coordenação do curso de medicina convocou a aluna para escutá-la. Na ocasião, ela pediu desculpas.

"Na ocasião, a estudante reiterou seu pedido formal de desculpas, já manifestado publicamente na noite anterior. Ainda que o arrependimento tenha sido expresso, isso não é suficiente para reparar o dano causado. A Ufac seguirá acompanhando o caso, avaliando as medidas cabíveis no âmbito institucional e reafirmando seu compromisso com uma formação cidadã, crítica e ética", firmou a nota da instituição.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufac também publicou uma nota de repúdio, dizendo que o espaço universitário é um lugar plural e diverso e que não compactuam com discriminações.

"Xenofobia é crime, fere a dignidade das pessoas e perpetua desigualdades históricas que o movimento estudantil combate há décadas. Ao zombar da população acreana, a autora da publicação não apenas atinge a honra dos estudantes e moradores do estado, como também ignora o papel social e humano que a formação em saúde exige", diz parte da nota.

O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) falou que defende uma apuração das falas para posterior punição.

“Rogamos a abertura de procedimento para que haja apuração rigorosa dos fatos, punindo de forma exemplar os atos que desrespeitam e mancham o bom nome da instituição de ensino”, diz o documento.

O Ministério Público (MP-AC) solicitou que o inquérito policial seja instaurado no prazo improrrogável de até dez dias para apurar as falas.

“O objetivo da instauração do inquérito policial é apurar quais foram as circunstâncias que essa pessoa praticou esses xingamentos contra os acreanos, e quais foram as motivações, as circunstâncias e as condições que ela praticou a fala, além de apurar se configura crime de xenofobia” destacou o promotor de Justiça Thalles Ferreira.

A Atlética Sinistra, entidade que a estudante faz parte, também se posicionou, afirmando que não compactua com as manifestações feitas na rede social da jovem.

"Como futuros profissionais da saúde, temos o dever ético de zelar pelo bem-estar coletivo e combater todas as formas de preconceito, dentro e fora da universidade. A Medicina que escolhemos praticar é baseada na empatia, ciência e justiça social — e qualquer discurso contrário a esses princípios será veementemente rechaçado por esta instituição", comentou.

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