Moradores comemoraram aos gritos a retomada do serviço. Em entrevista ao g1, publicitário baiano que vive na Espanha há 10 anos revelou a busca por velas e rádios de pilhas durante apagão. Moradores comemoram aos gritos volta da energia em Barcelona
Um brasileiro que vive há 10 anos em Barcelona, na Espanha, flagrou o retorno da energia elétrica na principal cidade da região da Catalunha, após quase dez horas sem fornecimento. O publicitário Victor Rodriguez gravava um vídeo para o g1, quando os vizinhos começaram a comemorar o fim do apagão, aos gritos, por volta das 22h, no horário local (17h em Brasília).
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Além da Espanha, que declarou emergência nacional, Portugal também sofreu com a falta de eletricidade. A situação paralisou a circulação de trens, afetou operações em aeroportos e deixou milhares de moradores preocupados. Ainda não se sabe o que provocou o problema.
Em Barcelona, todos estavam sem energia elétrica desde o início da tarde. O hispano-brasileiro conta que visitava o escritório de um cliente, no momento em que o apagão começou. Ele precisou pegar uma motocicleta emprestada de um amigo para conseguir voltar ao apartamento onde mora com a esposa e os dois filhos do casal.
Segundo Victor, no primeiro momento, as operadoras de telefonia ficaram sem sinal e a população não podia ao menos se comunicar, o que gerou ainda mais incertezas.
"Eu não conseguia contatar minha esposa, e um dos meus filhos estava em casa, porque estava doente, e obviamente acaba gerando preocupação, uma frustração. Aquela sensação esquisita de não ter mais contato", disse o soteropolitano, em entrevista ao g1.
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Victor Rodriguez mora em Barcelona com a esposa e os filhos
Arquivo Pessoal
O publicitário afirmou também que algumas pessoas correram para supermercados, em busca de suprimentos e outros objetos, como velas e rádios de pilha. Muitas tiveram dificuldades para realizar pagamentos, feitos apenas com dinheiro em espécie.
"Como hoje em dia a gente está sempre acostumado com cartão, minha família não teve dinheiro em espécie. A gente precisou, por exemplo, comprar um pouco de leite de fórmula para meu filho de 7 meses e a gente não conseguiu".
Moradores enfrentaram também transtornos como falta de gás para cozinhar e aquecer a água, que normalmente depende de energia. "A gente está na primavera, a temperatura não está nem quente e nem tão fria, mas, ainda assim, a água é muito fria", detalhou Victor.
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Casa de Victor Rodriguez foi iluminada com velas durante apagão m Barcelona
Victor Rodriguez
Apagão em Portugal
De Portugal, o estudante de doutorado Maurício Bonatte contou que na cidade de Porto, onde mora, o fornecimento foi interrompido antes de 12h, no horário local, e chegou a voltar durante a noite, mas foi suspenso mais uma vez.
Eletrônicos descarregados, como celular e notebook, e a falta de gás também afetaram o baiano, que mora no exterior há mais de 5 anos. Para almoçar, por exemplo, ele precisou recorrer a estabelecimentos de rua, que ainda conseguiram manter o funcionamento no início do apagão.
"Os cafés estavam servindo almoços que já estavam prontos. Eles conseguiram esquentar. A cidade ainda não estava um caos, tinha muito movimento, mas as sinaleiras já não estavam funcionando", detalhou.
Diferentemente de Barcelona, em Porto os telefones ainda funcionaram até a tarde. Somente a partir das 15h a queda do sinal telefônico passou a preocupar. No início da noite, ele chegou a conseguir informações e conversar com amigos por SMS, mas o rádio era a principal fonte de notícias ao longo do dia.
Nesse período, as informações faltas pipocaram na internet. "Começaram a surgir notícias de que iria demorar 72h para a energia voltar. Foram surgindo também diversos motivos, que a gente não sabia se era verdade ou não, e ficou todo mundo sem saber o que fazer", afirmou.
Maurício Bonatte mora em Porto
Arquivo Pessoal
Também moradora de Portugal, Indiara Vitorio passou o mesmo sufoco, só que na cidade de Ovar, a cerca de 40 km de Porto. Em contato com o g1, a baiana de Feira de Santana disse que trabalhava com o marido, em home office, quando tudo apagou.
Sem internet e sem saber quando a energia voltaria novamente, o casal de empreendedores interrompeu o serviço e também passou a lidar com as falsas notícias que apareceram diante da situação.
"Deu aquele suspense. Vi que muitas pessoas correram para o supermercado, mas não fui uma delas. Acreditava que fosse voltar hoje e voltou, por volta das 20h30", contou.
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Indiara Vitorio mora em Portugal desde 2021
Arquivo Pessoal
O empresário Joris Andrade chamou atenção para a corrida aos bancos em meio às mentiras. "Todo mundo correu para sacar dinheiro e acabou não sendo necessário, mas faltou dinheiro nos caixas eletrônicos, ao final", afirmou.
Conforme ele, a orientação dada pelas autoridades nas rádios era de que as pessoas evitassem sair de casa. Sem semáforos, o baiano também presenciou acidentes de trânsito, mas ressaltou que as aulas dos filhos foram mantidas durante o tempo em que faltou energia
"[O movimento] Ficou tipo um dia de domingo. A partir das 14h30 já se viam poucos carros circulando na rua e todo mundo estava em direção às cassa, abandonando os seus trabalhos, porque não se trabalhava, tudo dependia da internet", pontuou.
Joris Andrade mora em Portugal
Arquivo Pessoal
A situação gerou prejuízo para o Joris, que é dono de uma empresa de entregas de compras online. Os funcionários não conseguiam contato com os donos das mercadorias.
"Foi complicado, porque os meninos saíram para trabalhar, foram fazer entregas das encomendas, e não conseguiam de forma nenhuma contato com os clientes, porque as campainhas dos edifícios não funcionavam, as portas estavam fechadas, o telefone não funcionava, deu blackout total. A sensação era de voltar no tempo uns 30 anos".
Joris Andrade também pontuou transtornos para recarregar carros elétricos. "Eu tenho carros elétricos, eu tive muita dificuldade em conseguir poupar energia. Era uma questão de preocupação reduzir o consumo do carro, porque não sabíamos quando é que iria regularizar. Muita gente ficou a mercê, com carros parados na rua por falta de fornecimento", complementou.
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